Volume 3

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História de Portugal, popular e ilustrada - Volume 3:
De D. João II até Vasco da Gama
 
 
Pág. 5 - Capiteis do Claustro de Celas
Já a páginas 269 do primeiro volume desta nossa edição da História, apresentámos um aspecto do claus­tro do pitoresco edifício; mas tão curioso ele é, que não resistimos ao desejo de reproduzir mais um tre­cho daquele monumento do século XIII, pois que o convento de Celas, de Freiras Bernardas, foi fundado em 1210, pela infanta D. Sancha, filha de D. Sancho I. A história dessa fundação é simples, mas curiosa, por isso não duvidamos trasladá-la para aqui. Havia em Alenquer, que pertencia àquela infanta, umas mu­lheres a que chamavam enceladas ou emparedadas, que viviam numa pobre casa. D. Sancha, que possuía perto de Coimbra a quinta de Uvimarães, resolveu ali edificar um convento com 30 celas, a fim de para ali as transportar, o que fez, mandando vir de Lorvão algumas freiras para as instruir, e impondo-lhes a re­gra de S. Bernardo, professando aí também a mesma infanta.
 
 
Pág. 8 - Claustro do convento de S. Bernardo
Apesar de já havermos dado, em páginas 560 e 601 do volume 2º desta História, dois aspectos deste pitoresco convento de Portalegre, tão interessantes trechos de arte do século XVI ele apresenta, que não duvidamos fazer a reprodução de mais este aspecto do vetusto claustro
 
Pág. 9 - D. João II, o Príncipe Perfeito
O nosso desenhador, dando-nos o retrato a cavalo do nosso glorioso monarca da segunda dinastia, nem num ápice foi infiel em reproduzir o seu clássico retrato, que nos é dado por Oliveira Martins no seu interessante livro O Príncipe Perfeito, e que já Ferdinand Denis publicara na sua curiosíssima obra Le Portugal, Paris, 1846.
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Pág. 13 - A prova do fogo
A páginas 592 do 2º volume desta nossa edição da História de Portugal encontra o leitor a explica­ção do assunto a que se refere a nossa gravura, e que é, nem mais nem menos, do que a prova do fogo a que eram sujeitas as mulheres acusadas de algum crime. Eram ainda restos da barbária dos tempos medievais, que mais tarde, e com mais intensidade, fo­ram aplicados pelo iniquo tribunal da Inquisição, como, pelo decorrer da leitura da História, o público terá ocasião de apreciar.
 
 
Pág. 17 - Heroísmo do Decepado
É a páginas 454 do 2º volume da nossa edição da História que se encontra a descrição deste ras­go extraordinário de heroísmo, praticado pelo valente guerreiro português, o alferes Duarte de Almeida, na infausta batalha de Toro.
 
 
Pág. 21 - Claustro do Mosteiro de Celas
O que já dissemos linhas acima, bem como o que ficou dito nas notas que acompanham o 3º volume desta nossa edição da História dispensa-nos de nos alargarmos aqui em minuciosas considerações acerca do velho mosteiro de Celas.
 
 
Pág. 25 - D. Joana de Castela
Encontra-se na obra de Simão Beninc (V. págs. 609 e 612 do 1º volume da nossa História), o retrato da «excelente senhora», que vem reproduzido no primeiro volume do livro do sr. Benevides, Rai­nhas de Portugal, e que serviu de modelo para o que aqui publicamos da simpática princesa portuguesa.
 
 
Pág. 29 - Fragmento do Coro de Santa Cruz
Tanto no final do volume 1º como no do 2º desta nossa edição da História, nos referimos a este mos­teiro, fundação do arcediago D. Telo. Agora damos um trecho do coro, acerca do qual se lê o seguinte no Guia histórico do Viajante em Coimbra do erudito antiquário Augusto Mendes Simões de Castro: «É sustentado num grande arco de cantaria lavrada de gosto diferente do das outras partes do templo, e diz-se ter sido traçado por um mestre biscainho. É muito vistoso pelas suas 72 cadeiras e pelos ornatos de talha representando cidades, castelos, embarca­ções, árvores, esferas, etc., tudo belamente dourado e feito de excelente madeira que D. Manuel man­dou vir da Alemanha.»
 
 
Pág. 32 - Pedra tumular da família Solla Teles, existente em Trancoso
Esta antiquíssima pedra, com uma cercadura tosca, desigual, mas elegante, tem muito valor histórico. Ao centro tem um brasão, dividido em quatro quartéis; no primeiro e quarto as armas dos Teles Sil­vas, leões rompantes; no terceiro cinco estrelas em campo pontuado, que são as armas dos Afonsecas; no segundo as antigas armas dos Sollas, que são um castelo riscado, com portas e frestas, de preto, em cam­po pontuado. Sobre o capacete tem o leão dos Teles Silvas. Notaremos aqui que este segundo quartel é igual à bandeira usada por Bernardim Solla na ba­talha de Aljubarrota, gravura que publicámos a páginas 192 do 2º volume da nossa edição da História de Portugal; a gravura dessa bandeira, tirada dum velho manuscrito intitulado Tropheus, por Teixeira Passos, foi-nos enviada pelo sr. António de Menezes e Barros, que, pelo lado Teles de Menezes, é parente da família Solla.
 
 
Pág. 33 - O jantar de um príncipe
É unicamente com o fim de esclarecer o público menos conhecedor dos costumes do século de que se trata nestas primeiras páginas do 3º volume da História, que damos este quadro característico, desenhado com todo o rigor sob a direcção do nosso colaborador artístico sobre as indicações e documentos da época.
 
Pág. 37 - Casa da Câmara de Guimarães
Situada na praça da Oliveira, a mais notável da cidade de Guimarães, a casa que a nossa gravura re­presenta é toda feita sobre arcarias de pedra e é obra de D. Manuel, cujas armas se veem na frente do edi­fício. Não podemos por agora alcançar mais apontamentos acerca desta casa.
 
 
Pág. 41 - D. Leonor de Lencastre, mulher de D. João II
Tanto quanto possível autêntico é este retrato da virtuosa princesa, pois que é cópia do que existe no Quadro do Panorama de Jerusalém, no coro da igreja do mosteiro da Madre de Deus, em Lisboa. É tradição que este retrato foi mandado pintar pela própria D. Leonor naquele quadro, o qual lhe foi enviado de presente pelo seu primo Maximiliano, imperador da Alemanha. É o único retrato que desta princesa se conhece, a qual quis retratar-se do modo por que com frequência se vestia, com o hábito de santa Clara, para ir passar algum tempo em compa­nhia das religiosas do convento da Madre de Deus, por ela fundado, e que ficava contíguo ao palácio em que habitualmente residia. Este retrato apareceu já no excelente livro do sr. Benevides, Rainhas de Por­tugal, e no último de Oliveira Martins, O Príncipe Perfeito.
 
 
Pág. 45 - Claustro do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra
O que a nossa gravura representa é o Claustro do Silêncio, um dos três que opulentam o vetusto mosteiro. Será ainda ao livro do sr. Augusto Mendes de Castro, filão inesgotável para este género de trabalhos, que iremos socorrer-nos para elucidar o leitor acerca deste monumento da arquitectura manuelina, pois que foi em tempo de D. Manuel que ele foi reedificado. «De cada um dos seus lanços, formados por arcadas de agradável aparência, se abrem para o centro cinco arcos de volta em ogiva, todos divididos ao meio por colunas, umas retorcidas, outras de diversos feitios, e que em certa altura se ramificam para os lados e terminam por um gracioso olhal. No centro do claustro levanta-se uma esbelta fonte piramidal, rematada por uma pequena estátua, e adornada com duas taças, de uma das quais se despenha para a outra a água em doce murmúrio. Há em dois cantos deste claustro mais duas fontes, de que brota grande abundância de água, e cobertas por uma gra­ciosa abóbada; outra de mármore cor-de-rosa, mas está seca. Nas paredes dos lanços interiores, que são em parte guarnecidas por belos azulejos, veem-se três esculturas em relevo muito bem executadas. Na parede do sul está embebida uma lápide, que tem gravada uma inscrição, cuja maior parte está des­truída... Fazem frente para este claustro algumas capelas mui bem ornadas e conservadas em grande asseio. A principal é a do Santo Cristo, onde se notam dois túmulos bastante elegantes... Superiormente aos quatro lanços do claustro corre uma galeria, cu­jas três partes são cobertas e tem o tecto apoiado so­bre pequenas colunas; a quarta, porém, está incom­pleta. Contígua a esta ficava a rica Capela dos Meninos de Palhavã, filhos naturais de D. João V, a qual hoje está no mais deplorável estado. Foi edificada no tempo daqueles príncipes para seu uso, e era riquís­sima em lavrados, douraduras e preciosidades de madeiras.»
 
 
Pág. 48 - Um trecho do Castelo de Montemor-o-Velho
É devido ao trabalho indefesso do ilustre ama­dor sr. Vale e Sousa, que devemos o prazer de po­der apresentar este fragmento das ruínas do nobre e vetusto castelo de Montemor-o-Velho. A páginas 549 do 2º volume da nossa História já demos o seu aspecto geral, e a descrição, ainda que rá­pida, que dele publicámos a páginas 632 e 633 do mesmo volume, dispensa-nos agora de maiores ex­plicações.
 
 
Pág. 49 - Princesa Santa Joana, filha de Afonso V
É cópia do lindíssimo retrato publicado na celebrada colecção de Retratos e Elogios de Varões e Donas, etc., que tão belos subsídios têm dado para a nossa galeria, o que publicámos a páginas 49 deste volume da História. O autor do texto que acompanha o retrato naquela colecção explica assim a sua origem: «No Altar-mor da igreja daquele convento (o de Jesus, em Aveiro) estava colocado um quadro de pincel, vera efígie sua, trajada à maneira que andava no século, que o bispo D. João do Mello, por ocasião do processo da sua beatificação, trasladara com licença das Religiosas ao seu Paço de Coimbra. Muitos consta que havia na província, em que estava no hábito domínico. Oferecemo-lo conforme ao primeiro quadro, segundo o traz o P. Vasconcelos na Anacephaleosis, bem semelhante ao que vem na «Acta Sanct., Maio. Tom. III, pág. 692.»
 
 
Pág. 53 - Relicário contendo as roupas da Princesa Santa Joana
Existe no convento de Jesus em Aveiro, convénio em que viveu por largos anos a Santa Princesa, o cofre que a nossa gravura reproduz, cofre de cristal e prata, onde se guardam as contas e o hábito da ex­celsa princesa. Esta relíquia costuma ser exposta à admiração e curiosidade dos fiéis no dia 12 de maio, em que a Igreja Lusitana celebra a festa de banta Joana.
 
 
Pág. 57 - Túmulo da Princesa Santa Joana
Com a morte desta princesa, em 12 de maio de 1490, cresceu a fama das suas virtudes, a ponto de em 1687 se tratar de alcançar de Roma a sua beati­ficação, em resultado do que em 1689 foi desenterra­do o caixão em que se guardavam as suas cinzas, de­baixo do coro do convento de Jesus de Aveiro, do que se lavrou auto, seguindo os tramites convencionais, até que foi beatificada em 1693. Pouco depois da beatificação, a pedido de Fr. Pedro Monteiro, prior do convento da Misericórdia da mesma cidade, D. Pedro II mandou fazer o sumptuoso mausoléu que a nossa gravura representa, encarregando-se da obra o arquitecto português João Antunes, túmulo que foi construído justamente debaixo do coro do convento de Jesus, indo entretanto, o caixão contendo os restos da Santa Princesa para a capela de Nossa Se­nhora da Conceição, onde se conservaram pelo es­paço de 12 anos, sendo trasladados para o seu rico mausoléu, processionalmente e com toda a sumptuosidade em 21 de outubro de 1711. Em 1750 foi este túmulo aberto, a fim de novamente se proceder ao exame dos restos mortais da mesma princesa, quan­do se tratou da sua canonização.
 
 
Pág. 61 - Igreja Matriz da Trofa
São muito curiosos os apontamentos históricos que acerca desta igreja nos dá o Portugal Antigo e Moderno, de Pinho Leal, donde tomamos a liberdade de os transcrever. «A primitiva igreja matriz desta freguesia estava na aldeia de Covelos, ao N. da vila. No local onde era a antiga igreja, ainda há poucos anos se acharam ossos humanos, azule­jos, tijolos e alicerces de paredes... Estando a dita igreja de Covelos em estado de ruína e grassando ali então uma grande epidemia, muitos dos seus moradores fugiram para um sítio perto do lugar da Mou­risca, a que se chama as Choupanas, e outros para o lugar de Cristovães; e como por essa ocasião já os fidalgos da Trofa aqui existiam, ofereceram a sua capela particular para capela-mor de uma igreja, que ali edificassem, dando o terreno necessário para isso, mas com a condição de eles fidalgos ficarem com o direito de apresentarem o pároco (direito que até então residia no prior daquela freguesia do Covelos). Aceite a proposta dos fidalgos e edificada a nova igreja, ficaram estes com o direito de apresentação... Ignora-se a data da fundação desta igreja.» A acompanhar as outras gravuras que desta mesma igreja adiante damos, encontrará o leitor a notícia deste curioso e antigo monumento.
 
 
Pág. 64 - Âmbula contendo cabelos de Santa Joana
É de cristal e prata esta ambula, em que se guardam os louros cabelos da excelsa princesa, cortados em 25 de janeiro de 1475, quando resolveu tomar o hábito. Esta ambula que, como o túmulo e o cofre contendo o seu hábito, se guardam no coro do convento de Jesus em Aveiro, é exposta à veneração dos fiéis no dia da sua festa, em 12 de maio.
 
 
Pág. 65 - D. João II dirigindo os preparativos da expedição à Índia
No capítulo V e seguintes deste terceiro volume da História encontra o leitor minuciosamente expli­cada a razão desta gravura, e se vê o interesse que o grande D. João II tomou pela dilatação da Fé e do Império, pelas remotas regiões até então ocultas pelo Mar Tenebroso.
 
 
Pág. 69 - Túmulo de D. João de Albuquerque, em S. Domingos de Aveiro
É esta uma das antigualhas mais curiosas da ve­lha igreja de S. Domingos de Aveiro. É um túmulo de pesada arquitectura, como claramente se vê da gravura que publicamos, e está na capela chamada do Senhor Jesus. Este D. João de Albuquerque, cu­jas cinzas se diz estarem ali depositadas, foi senhor de Angeja e Canelas, fidalgo de ilustre estirpe e legou grande parte dos seus bens àquele convento.
 
 
Pág. 73 - Ayres da Silva (o da Graciosa)
Ao curioso cuidado do sr. Vale e Sousa, de Coimbra, devemos o prazer de dar este retrato até agora inédito, que aquele cavalheiro copiou da estátua ja­cente que do seu túmulo existe no convento de S. Marcos. Este Ayres da Silva, 2º de nome, foi camareiro-mor do príncipe D. João, mais tarde D. João II, e um dos seus fâmulos. Foi ele quem prendeu o Duque de Bragança, em Évora, no palácio das cinco quinas no dia 29 de maio de 1483. Fez brilhante figura nos torneios do casamento do príncipe D. Afonso (1490) e assistiu à desastrada morte do desdi­toso noivo em Santarém. Assistiu à morte de D. João II em Alvor e recebeu do moribundo o testamento que nomeava D. Manuel sucessor da coroa.
 
 
Pág. 77 - Capela-mor da igreja de S. Francisco de Guimarães
Esta igreja de S. Francisco tem a seguinte sim­ples história: Em tempo de D. João II foram residir para Guimarães dois Franciscanos, fr. Gualter e um companheiro, que viviam a princípio numa pobre casinha no cimo da Serra. Daqui, dirigiram-se para a vila, para um hospital, que existia junto do sítio da Torre Velha. Ao longo da parede deste hospital, lançou em 1290 o arcebispo de Braga D. Fr. Tello a primeira pedra para o convento, onde foram residir os dois franciscanos. Pouco depois, porém, como do cimo deste convento os partidários do infante D. Afonso fizessem grande dano à gente de D. Diniz, na contenda havida entre pai e filho, foi, por ordem do monarca destruído o convento, que só no tempo de D João I, em 1400, e com licença deste se tornou a edificar, com a condição de não ser mais chegado à vila do que estava o de S. Domingos. A capela, ainda que pouco tendo já do primitivo templo, é uma das mais belas coisas do curioso edifício.
 
 
Pág. 80 - Páteo do castelo de Alvito
Já a páginas 632 do 2º volume desta edição da História de Portugal dissemos o que de mais importante se nos oferecia acerca do histórico castelo de que aqui damos um dos aspectos interiores.
 
 
Pág. 81 - Execução do Duque de Bragança
Descreve-se no capítulo II deste volume, páginas 18 é seguintes, esta cena, um dos sanguinosos epi­sódios com que iniciou o seu reinado - que, no entanto, tão glorioso havia de ser - D João II, o Prínci­pe Perfeito.
 
 
Pág. 85 - Túmulo do bispo D. Pedro Gavião
O elegante túmulo que aqui reproduzimos está na capela de Santo Cristo, que faz frente para o claustro do Silêncio no histórico mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, e tem aberta esta inscrição:
AQVI IAZ DOM PEDRO BISPO DA GVARDA PRIOR DESTE MOSTEIRO E CAPELAM MOR DE EL REI DOM MANUEL. HO QVAL MANDOV FAZER A IGREJA COM A CAPELLA E CAPITVLO DISTA CASA E OVTRAS MVITO BOAS OBRAS COM QVE A ENNOBRECEV. FALECEV EN HO ANNO DO SENHOR DE MDXLI EM OS XIII DIAS DE AGOSTO.
As armas deste prelado, que se veem no vão do arco do seu túmulo e constam de cinco gaviões em aspa, com o chapéu e cordões de bispo, estão também na casa do capítulo, e no frontispício da igreja, obras que foram feitas no seu tempo.
 
 
Pág. 89 - Alexandre VI
É feito sobre o retrato que vem no livro Príncipe Perfeito de Oliveira Martins, e cujo original o falecido escritor indicou ao seu desenhador, como um dos mais autênticos que se conhecia do famigerado Borgia.
 
 
Pág. 93 - Coro do Mosteiro de Santa Cruz
Depois do que acima dissemos (páginas 609) ao falar do trecho do mesmo coro de que damos a reprodução de um fragmento a páginas 29 deste vo­lume da História, julgamo-nos dispensados de tratar agora do assunto.
 
 
Pág. 96 - Claustro do Mosteiro de Santa Cruz
Já a páginas 610 deste volume dissemos acerca deste magnífico claustro o bastante, para que agora voltemos a tratar do mesmo assunto.
 
 
Pág. 97 - Assassínio do Duque de Viseu
A páginas 27 e seguintes deste volume, capítulo IV, se descreve este acto de força de D. João II.
 
 
Pág. 101 - Convento e cruzeiro de S. Domingos em Aveiro
Este edifício, que é mais conhecido pela denominação de Nossa Senhora da Misericórdia, assim como o fora de Nossa Senhora do Pranto e de Nossa Senhora da Piedade, foi fundado pelo infante D. Pedro em 1443, quando regente do reino, diz-se que para comemorar a milagrosa aparição da Virgem sobre um dos bastiões da muralha a um velho chamado Afonso Domingues, que de há muito estava na cama tolhido de pés e mãos, que ali o levara uma noite. A fábrica do convento era magnífica e de sólida construção, e tem sido reformada em várias épocas. D. Jorge de Almeida sagrou a igreja em 1664. Um incêndio que destruiu grande parte do convento, em 1843, esteve por pouco a reduzir a cinzas a igreja, devendo-se a sua salvação aos esforços do então governador militar de Aveiro, o tenente-general Visconde de Santo António. A fachada da igreja que ora se vê é toda de pedra de Ançã e foi construída em 1719. A torre é de construção muitíssimo mais mo­derna, pois data de 1860.
 
Pág. 105 - Damião de Goes
Ver original:
Acerca da autenticidade deste retrato, feito so­bre o que vem incluído no celebrado livro Retratos e Elogios de Varões e Donas, etc., veja-se o que na biografia que o acompanha se lê na mesma obra: «O seu retrato é copiado do que vem na Colecção dos Varões insignes, impressa em Anvers em 1572, aberto por Filipe Gallo, mui semelhante ao de Hogen na edição de algumas obras suas latinas em Co­lónia e oficina de Birckman em 1602».
 
Pág. 109 - Pórtico da sacristia do Mosteiro de Santa Cruz
Data do princípio do século XVII, 1622, a construção deste magnífico pórtico da sacristia de Santa Cruz, a cujas belezas artísticas a História de Portu­gal tem prestado a devida justiça reproduzindo algu­mas das que são consideradas mais características e curiosas.
 
 
Pág. 112 - Costumes do século XV
Ao aturado estudo e investigação dos nossos colaboradores artísticos devemos o prazer de dar ao leitor mais este aspecto característico dos costumes portugueses no século de D. João II e de D. Manuel.
 
 
Pág. 113 - D. Manuel beijando a mão de D. João II
É a continuação da cena reproduzida a páginas 97 deste 3º volume da nossa edição da História e magistralmente descrita por Manuel Pinheiro Chagas no capítulo IV, págs. 27 e seguintes.
 
 
Pág. 117 - Porta do convento de S. Tomás
Colégio e não convento lhe devemos chamar, pois que foi costume dos dominicanos de Coimbra funda­rem um colégio separado do próprio convento, que servisse só para os que estudavam na Universidade. O que aí vemos não é o edifício primitivo, pois que este, fundado em 1227, foi inundado pelo Mondego, cujo leito alteou, sendo os frades obrigados a abandoná-lo; o que a nossa gravura reproduz é a fachada do edifício fundado três séculos depois, e que, pelo que se vê, era majestoso, e tão majestoso, que só o colégio se completou, ficando da igreja apenas construída a capela-mor; «mas o que ficou lavrado, diz o sr. A. Mendes de Castro, é obra de tanto pri­mor e custo, que pôde competir com as que no reino são mais louvadas.»
 
 
Pág. 121 - D. Brites de Menezes, fundadora do mosteiro de S. Marcos
O retrato que apresentamos, trabalho do ilustre escavador de antigualhas, sr. Vale e Sousa, a quem devemos tão repetidos favores no género, é feito so­bre a sua estátua tumular, (que mais adiante repro­duzimos completa) existente no mosteiro de S. Mar­cos, do qual ela foi a fundadora. Esta dama era filha de D. Teresa Coutinho, camareira-mor da rainha D. Filipa de Lencastre. Foi senhora de grande pru­dência e autoridade e leal conselheira da rainha D. Isabel, mulher de D. Afonso V e sua camareira-mor; com os seus sensatos avisos conseguiu a recon­ciliação dos reais esposos, depois da morte do infante D. Pedro, duque de Coimbra. Foi mãe de Fernão Teles Menezes, cujo túmulo já veio reproduzido a páginas 509 do 2º volume da nossa História
 
Pág. 125 - Exterior da Biblioteca da Universidade
Este esplêndido edifício é obra de D. João V, pelo que se compreende que apresente um tão magnificente aspecto. O pórtico que para ela dá entrada, e que a nossa gravura representa, é elegante e grandioso, de ordem jónica, e decorado de graciosos ornatos de cantaria em relevo, e coroado pelas armas reais la­vradas com esmero. Nos livros especiais encontrará o leitor a descrição minuciosa não só da parte ex­terna do grandioso edifício, mas ainda do interior, que é uma maravilha de arte. bem como a enumera­ção das principais riquezas bibliográficas que constituem essa livraria. É um excelente subsídio par se conhecer esta Biblioteca o Guia histórico do via­jante em Coimbra.
 
 
Pág. 128 - Túmulo de D. Brites de Menezes, no mosteiro de S. Marcos
O que poucas linhas atrás deixámos dito acerca desta senhora, fundadora do mosteiro de S. Marcos dispensa-nos de aqui nos alargarmos mais sobre o assunto.
 
 
Pág. 129 - Queda mortal do príncipe D. Afonso
Ilustra esta gravura a cena da queda do malogrado filho de D. João II, magistralmente descrita por Pinheiro Chagas em páginas 64 deste volume da nossa edição da História de Portugal.
 
 
Pág. 133 - Vista geral de S. Tiago do Cacém
Esta vila, cabeça de concelho, como noutra parte dissemos, está fundada segundo alguns autores no sítio em que existiu a Meróbriga, dos Romanos. Está colocada em lugar alto, a 12 quilómetros do oceano e dista 21 quilómetros da capital do distrito, que é Lis­boa. D. Manuel deu-lhe foral em 1512. Tem alguns bons edifícios, como hospital, casa da Misericórdia, etc. Lá no alto veem-se ainda as ruínas de um an­tigo castelo. Antes da extinção das ordens religio­sas tinha um convento de franciscanos, que fora fun­dado em 1105.
 
 
Pág. 137 - Triunfo da Igreja
É uma das obras de arte dignas de admiração na vetusta Sé de Braga, este frontal, que está numa das capelas laterais do lado da epístola. Representa ele, em quadro alegórico de escultura em madeira, o triunfo da religião cristã, e a condenação dos hereges; as figuras são em alto relevo e pintadas a cor e ouro; este frontal é resguardado por outro, movel.
 
 
Pág. 141 - João da Silva (O Galindo)
Mais um dos serviços prestados à História de Portugal pelo sr. Vale e Sousa é a reprodução, até agora inédita, deste retrato, que aquele nosso amigo obsequiosamente copiou da sua estátua tumular no convento de S. Marcos, com o fim de enriquecer esta nossa edição da História. Este João da Silva, 2º de nome, era filho de D. Brites de Menezes, a fundadora do convento de S. Marcos. Foi um dos mais de­nodados capitães do seu tempo. Quando o príncipe Perfeito, D. João II, nas contendas com a Espanha, foi reconquistar Ouguela, um dos seus companheiros de armas foi João da Silva. Uma noite em que as forças de uma e outra parte saíam em reco­nhecimento, encontrou-se de súbito o capitão português com o Mestre de Alcântara, D. Martim Galindo, e tão violento foi o combate, que ambos pa­garam com a vida o seu heroísmo. O castelhano caiu logo morto; o nosso guerreiro sobreviveu-lhe ainda 25 dias.
 
 
Pág. 144 - Túmulo da família Lemos, na igreja da Trofa
Os Lemos, senhores da Trofa, tinham os seus mau­soléus em uma capela sua particular, que, como aci­ma dissemos, ficou sendo a capela-mor da igreja daquela vila. São quatro os mausoléus e acham-se dois de cada lado embebidos nas paredes, debaixo de arcos, forrados de pedra de Ançã, com muitos e delicados lavores. Sobre o túmulo do lado da epístola, que é o que a nossa gravura representa, vê-se de joelhos e com as mãos erguidas uma estátua da mesma pedra, representando o vulto de um guerreiro em tamanho natural; ao lado vê-se a viseira também de pedra. O túmulo tem esta inscrição, que está em parte quase ininteligível:
AQVI IAZ DVARTE DE LEMOS FILHO QVE FOI DE IOANA GOMEZ DE LEMOS E NETO DE GOMEZ MIZ O QVAL POR SERVIÇO DE DS E POR ONRA DE SVA LINHAGEM MADOV FAZER ESTA CAPELA PERA SEV PAI E AVOOS PERA SI E PERA SVA MOLHER E FOI FEITA ESTA CAPELLA NA ERA DE MIL 584 ANOS O QVAL FALECEV AOS VINTE E SETE DIAS DE JVNHO ANO DE 1588
 
 
Pág. 145 - Festejos por ocasião do casamento do infante D. Afonso
Os torneios foram brilhantíssimos, como nos conta a história, tais festejos, e o nosso desenhador, cingindo-se aos documentos, quis dar-nos, para que se pudesse fazer ideia do que eram os torneios, um quadro desse característico espectáculo tão próprio das épocas guerreiras em que eles se deram. A páginas 56 deste volume encontra o leitor notícia detalhada de tais festejos.
 
 
Pág. 149 - Capela-mor da igreja da Trofa
Ficou já dito acima (a páginas 610) que esta capela da família Lemos passou depois a servir de capela-mor da igreja matriz. É esta, como também já dissemos, a parte mais importante da igreja, principalmente pelos primorosos ornatos com que estão lavrados os mausoléus dos Lemos, dum dos quais, o mais curioso, demos gravura a páginas 144 deste mesmo volume.
 
 
Pág. 153 - Fr. Miguel de Contreiras
O retrato deste simpático vulto da História Portuguesa, pois que aos esforços dele se deve a famosa instituição das Misericórdias em Portugal, é feito so­bre o que vem no tantas vezes citado livro Retratos e Elogios de Varões e Donas, e a sua autenticidade é comprovada nas seguintes palavras do artigo que na sobredita colecção acompanha essa figura: «No convento de Lisboa (da Trindade) está o seu verda­deiro Retrato nas varandas do Claustro pequeno, em quadro de pintura antiga, donde se fez copiar, mui semelhante, o que acompanha esta sua memória; ou­tro, mais moderno, se acha na casa do De Profundis do Convento de Santarém; outros mais aponta o moderno cronista da sua ordem, o diligentíssimo P. M. Fr. Jerónimo de S. José, que se podem ver a páginas 329 da sua História Chronologica, to­mo I.»
 
 
Pág. 157 - Convento de Santa Clara de Coimbra
Resumamos o que acerca deste grandioso monumento diz o sábio investigador Augusto Mendes Simões de Castro: «Determinado el-rei D. João IV a fundar um novo mosteiro para as religiosas de Santa Clara, a fim de as livrar dos incómodos e grandes perigos a que no antigo estavam expostas pelos frequentes insultos do Mondego, incumbiu o conde de Cantanhede, D. António Luiz de Menezes, de dar impulso à construção do edifício. A planta das obras encarregou o mesmo monarca ao engenheiro-mor do reino Fr. João Torriano, e o lançar a primeira pedra ao reitor da Universidade Manuel de Saldanha, que, a 3 de julho de 1649, procedeu com grande pompa a essa cerimónia. A obra tão solenemente inaugu­rada foi-se edificando com lentidão, porque escassearam os braços e os meios necessários absorvidos pe­las necessidades da guerra da independência. Entretanto, como o Mondego tornasse cada dia mais incómoda e perigosa a habitação das religiosas no antigo mosteiro, não se esperou pela conclusão do novo edifício para a mudança da comunidade com os preciosos despojos da Rainha Santa, e no dia 29 de outubro de 1679, efectuou-se a trasladação com extraordinária magnificência e deslumbrante pompa, depositando-se o corpo da santa em um cofre muito rico de prata e cristal que anteriormente mandara fazer o bispo conde, D. Afonso de Castelo Branco, cofre que foi colocado primeiramente numa capela. Concluído o templo, efectuou-se em 3 de julho de 1696 solenemente a trasladação desse cofre para a tribuna da capela-mor. As obras do mosteiro só se completaram passados muitos anos. A igreja, que tem treze altares e é duma só nave e toda de cantaria, é nobremente fabricada no estilo romano. O mos­teiro é um edifício vasto, majestoso e de aspecto re­gular, assentando vistosamente no cimo da colina fronteira à cidade. Dois grandiosos pavilhões, cada um em seu extremo do longo dormitório, dão grande realce à nobre perspectiva do convento.
 
 
Pág. 160 - Divisa de D. João II
É copiado do livro Vita Christi, de Ludolpho, edição raríssima, de 1496, este emblema, que era a divisa de que sempre usou D. João II.
 
 
Pág. 161 - Torquemada atirando o crucifixo a Fernando e Isabel
«Judas vendeu Cristo por trinta dinheiros, Vos­sas Altezas querem vendê-lo por trinta mil; aí o têm, realizem o mercado.» É esta a frase que Torquemada proferiu ao lançar para cima da mesa, a Fernando e Isabel de Espanha, um crucifixo, quando os reis católicos pensaram por um momento em tolerar no seu reino a permanência dos judeus, e foi esta cena, magnificamente tracejada por M. Pinheiro Chagas, a páginas 72 deste 2º volume da nossa edi­ção da História, que o nosso colaborador artístico para aqui quis transportar, pela ilustração.
 
 
Pág. 165 - Mosteiro de Lorvão
É duvidosa a data da fundação deste mosteiro, um dos mais antigos da Península, e talvez da Eu­ropa. Sustentam alguns escritores que ele já exis­tia no princípio do século V. O que e certo é que já existia no século VII, como convento de frades bentos, e que até os Árabes fizeram em favor dele uma excepção, isentando-o de pagar os tributos estabelecidos para os outros mosteiros cristãos que quisessem ter exercício em terras de Mouros. Pelo andar dos tempos, adquiriu tantas propriedades e rendas que chegou a ser riquíssimo. Esta prodigiosa riqueza mudou os frades de humildes cultivadores em gran­des e ociosos senhores, vivendo com a maior magnificência, o que trouxe consigo a relaxação da regra. Estavam as coisas neste estado, quando, anulando-se o casamento de D. Teresa com Afonso IX de Leão, aquela princesa se resolveu a passar o resto dos seus dias num mosteiro; e como soubesse dos costumes desregrados dos monges de Lorvão, pediu a seu pai (o nosso D. Sancho I), para que os expulsasse; cedendo-lhe a ela o convento, para nele fun­dar um mosteiro de freiras. Isto foi aceite, e D. Te­resa, seguida de várias senhoras que a quiseram acom­panhar, passou ali o resto dos seus dias, e ali mor­reu. Tanto a igreja como o mosteiro têm sofrido em várias épocas grandes modificações, reedificações e ampliações, podendo dizer-se que pouco ou nada existe da primitiva fundação. O que existe é obra do fim do século XVII. A igreja é vasta, ele­gante e sumptuosa, tem um magnífico altar-mor com colunas de pedra admiráveis pelo seu tamanho, e mais sete altares laterais, em dois dos quais se encontram os cofres que contêm as relíquias das in­fantas Santa Teresa e Santa Sancha. Na igreja há primorosas pinturas do artista português Pascoal Parente. O coro, dividido da igreja por uma artística grade de ferro, com engastes de bronze, é magnificamente adornado com cem cadeiras de bela ma­deira do Brasil primorosamente entalhada.
 
 
Pág. 169 - Cristóvão Colombo
Foi extraído duma excelente revista ilustrada espanhola, que por seu turno o copiara duma crónica contemporânea da vida do grande descobridor, o retrato que aqui damos de Cristóvão Colombo, que, embora não fosse português, de algum modo se prende com a nossa História, pois que em Portugal esteve, e a um monarca português ofereceu os seus serviços, que, com grande detrimento para a glória do nosso nome, não foram aceites. Aproveitando-os a Espanha, para assim conquistar um novo mundo.
 
 
Pág. 173 - Biblioteca da Universidade
Um pouco acima, a páginas 612, já nos referimos a esta magnífica obra de D. João V, quando acompanhámos de algumas linhas a gravura que representa o exterior deste edifício. Do interior, para nos não alongarmos muito, apenas diremos que tem três magnificas salas de leitura, que o público vê pela gra­vura que tem presente, salas esplêndidas e as mais bem decoradas que possui a Universidade. A colunata, as varandas e as estantes são de grande primor e beleza, não só quanto aos trabalhos de escultura, mas também quanto à sua pintura, que é de óptimo efeito. Um dos trabalhos mais apreciáveis são as pinturas a fresco das cimalhas e tectos. No topo da terceira sala está o retrato de D. João V, entre grandiosos ornatos trabalhados com muita arte. Pelas três salas acham-se distribuídas seis mesas riquíssimas, sendo quatro de ébano e duas de gandaru, todas com embutidos e com ornatos ressaltados de petiá, e trabalhados com a maior perfeição. Anda por 200.000 volumes os que esta Biblioteca possui, entre os quais alguns que são verdadeiras preciosidades bibliográficas. (ver também em Quadros da História de Portugal, Cap.29)
 
 
Pág. 176 - Púlpito da igreja do Salvador
É uma riquíssima obra de talha, notável tanto pelo valor da madeira em que é trabalhado, como pela sua perfeição artística, este púlpito, que constitui uma das mais maravilhosas coisas do celebrado con­vento de S. Salvador, em Braga. Este convento era de freiras bentas e fora fundado no campo da Vinha em 1602 pelo arcebispo D. Fr. Agostinho de Castro. Foram para ali formar aquele convento as freiras do antigo convento de Vitorino das Donas, que foi então suprimido. Tinha as igrejas e seus dízimos de Vitorino das Donas, Santa Maria da Cabração, e S. Tiago de Fontão.
 
 
Pág. 177 - Forte no Ilhéu no Funchal
É uma das coisas pitorescas do porto do Fun­chal este ilhéu, que está fortificado, constituindo uma das defesas daquela ilha, e que se acha ligado à terra, por uma cortina de alvenaria; fica da banda do sul, e serve de registo do mesmo porto.
 
 
Pág. 181 - D. Manuel, o «Venturoso»
É feito sobre o retrato deste monarca que se encontra no celebrado quadro existente na Misericórdia de Lisboa, ao qual mais adiante nos referimos, o que aqui damos de D. Manuel.
 
 
Pág. 184 - Pórtico da Capela da Universidade
Pelo gosto do seu pórtico, janelas e arco da capela-mor, este edifício indica ser fundação do reina­do de D. Manuel. Goza esta capela da preeminência de real e é além disso exempta da jurisdição epis­copal prelatícia. Foi nesta capela que, por ordem de D. João IV, a Universidade prestou, em 1646, juramento solene de defender o mistério da Conceição da Virgem.
 
 
Pág. 185 - D. João II ante o corpo inanimado de seu filho
Este quadro completa a triste cena começada com o quadro de páginas 129. O trágico aconteci­mento vem descrito a páginas 64 e seguintes deste 3º volume da História.
 
P
Pág. 189 - Ruínas do Convento de S. Francisco, em Évora
Teve este convento sua origem pelos anos de 1244 ou 1245, e a actual igreja, que substituiu a an­tiga, foi mandada fazer por D. João II e por D. Ma­nuel, como se depreende do pelicano e esfera armilar, emblemas daqueles reis. Esta igreja, cuja abóbada é de cantaria, não tem uma única coluna que a sustente, e as paredes em que se apoia tem apenas 0,70 de largo. No pavimento veem-se muitas sepulturas e inscrições, entre as quais a de um dos membros da família Cogominho, a do esforçado Mem Rodrigues de Vasconcelos, que na batalha de Aljubarrota comandara a Ala dos Namorados. Muitas destas campas foram para ali levadas da igreja e convento da Graça quando a esbulharam do culto. Nos altares colaterais da capela-mor há qua­dros que se atribuem a Grão Vasco. É curiosa nesta igreja a Casa dos ossos, assim chamada por serem as suas paredes revestidas de caveiras, fémures e tíbias.
 
 
Pág. 192 - A Santa Verónica
Existe esta imagem de Nossa Senhora na sacris­tia dos Cónegos, da colegiada de Nossa Senhora da Oliveira, em Guimarães, numa capela feita ou reconstruída em 1686. A imagem, que é venerada pe­los fiéis com grande devoção, é de pintura muito antiga, e, segundo refere a tradição e se acha escrito em um velho pergaminho, existente no arquivo da Colegiada, foi trazida de Roma para esta igreja de Nossa Senhora da Oliveira, no reinado de D. Diniz, por Paio Domingues, dom prior de Guimarães e deão da Sé de Évora.
 
 
Pág. 193 - Porta da igreja matriz da Golegã
Logo pelo aspecto, se vê quem foi o seu fundador: D. Manuel, que a mandou edificar em princípios do século XVI. Exteriormente é aquela beleza que o lei­tor pode apreciar pela gravura que nós damos. Inte­riormente é um templo de três naves, vasto e sumptuosíssimo, de proporcionada altura, sendo as naves divididas por amplas arcadas ogivais, esbeltas e bem lançadas, mas singelas, à excepção do arco-cruzeiro, que é adornado de todas as galas do gótico florido e coberto de lavores primorosos. Há nesta igreja um quadro, já bastante danificado, que se atribui a Grão Vasco.
 
 
Pág. 197 - Vista de Vila Viçosa
Situada em um vale extenso e plano, a 4 quilómetros da margem direita da Ribeira de Borba, Vila Viçosa é uma das vilas mais interessantes do sul de Portugal. A sua fundação data do tempo dos Roma­nos. A primitiva povoação arruinou-se provavelmen­te nas guerras dos Visigodos e Alanos; mais tarde entrou no domínio dos Árabes, aos quais, em 1117, a tomou D. Afonso II, mas já arruinada pelas con­tinuas guerras desses tempos. Destruída a amiga vila, começou-se o sítio a povoar de novo, até que D. Afonso III lhe deu foral e criou a vila (1270), com o título de Vila Viçosa, que hoje tem. O castelo foi mandado construir por D. Diniz. D. João I doou-a ao condestável D. Nuno Álvares Pereira. D. Afonso V instituiu-a título e cabeça do marquesado, em favor de D. Fernando, filho segundo do primeiro duque de Bragança, em 1455. Os representantes desta casa fixaram ali a sua residência desde 1501, data da fundação do palácio pelo duque D. Jaime. A grande tapada foi mandada fazer pelo duque D. Teodósio em 1540. Vila-Viçosa tem muralhas antigas com 5 portas e um castelo, propriedade da casa de Bragança. Na praça chamada Terreiro do Paço é que está o palácio a que acima nos referimos, hoje real. A capela deste palácio era tão importante noutros tempos como qualquer sé, tanto na dignidade, honras e riqueza como na sumptuosidade das suas festas, também nesta vila existe o antigo palácio dos bispos e antiga casa dos corregedores, tudo pertencente à mesma casa de Bragança. Antes da extinção das ordens religiosas ha­via também nesta vila seis conventos e mosteiros, num dos quais, o de N. S. da Graça, existem os so­berbos mausoléus dos duques de Bragança.
 
Pág. 201 - Entrevista de D. João II com Cristóvão Colombo
Serve esta composição artística para ilustrar a cena tão brilhantemente descrita por Pinheiro Chagas, a páginas 77 e seguintes deste terceiro volume da História de Portugal.
 
 
Pág. 205 - Porta de Montalvão
Montalvão é povoação muito antiga, mas não se sabe como nem por quem foi fundada, situada a umas 7 léguas de Portalegre, num alto, à direita do rio Sever. D. Manuel deu-lhe foral em 1512. D. Diniz é que lhe mandou construir o castelo e cerca de muralhas, o que tudo ainda existe, mas em estado de ruína, como quase todas as fortificações portuguesas.
 
 
Pág. 208 - Vista geral de Sesimbra
Esta vila, situada numa baixa, à beira-mar, a uns 35 quilómetros da capital, foi fundada pelos galo-celtas e tomada aos Mouros por D. Afonso Henriques. Concedeu-lhe o título de vila D. Diniz e deu-lhe fo­ral D. Manuel em 1514. É cercada de alcantiladas serras. Tem uma fortaleza junto à praia e um castelo, onde fica uma das suas freguesias, em posição eminente, a 1 quilometro de distância. No dorso da montanha, que forma o cabo do Espichel, a 12 quilómetros da vila, acha-se a ermida de Nossa Senhora do Cabo, célebre pela romaria que todos os anos ali se faz, com grande pompa e solenidade.
 
 
Pág. 209 - Os cristãos arrancando os filhos às mães hebraicas
É uma das muitas cenas de inumana barbária praticadas pelos nossos intolerantes avós, cenas descritas a páginas 99 e seguintes deste terceiro volume da nossa História.
 
 
Pág. 213 - Custódia de Ílhavo
É este um tipo pouco vulgar de custódias entre nós. O corpo arquitectónico, o tabernáculo, que cos­tumava abrir a partícula sagrada nas custódias do século XV e XVI, desapareceu: o caixilho extraordinariamente aumentado revestiu-se de raios como um sol. Esta custódia, que é de prata dourada e pertence à junta de paróquia de Ílhavo, tem as seguintes dimensões: 0,80 de alto por 0,33 de largo. Remata com a figura do Salvador, tem dois anjos adornando a hóstia que se firma nas azas de uma espécie de urna realçadas com dois pingentes de cristal; a haste é esbelta, e talhada em secções muito bem propor­cionadas; o nó é hexagonal e dividido em nichos com figuras de anjos alados.
 
 
Pág. 217 - D. Isabel de Castela, primeira mulher de D. Manuel
Este retrato, que também já veio publicado no excelente livro do sr. Benevides, Rainhas de Portugal, e no Príncipe Perfeito, de Oliveira Martins, é reprodução do que publicou Carderera na celebrada Iconografia Española; foi tirado do grande quadro dos reis católicos que existe no Museu de Madrid, pintura do século XV e contemporânea, e que é por alguns atribuída a Berruguete. O quadro, que era destinado ao convento de Ávila, contém a Virgem com o Menino Jesus, o rei Fernando, a rainha Isabel, e seus filhos, o príncipe João e a princesa Isabel, que foi rainha de Portugal, S. Tomás de Aquino, S. Domingos e S. Pedro, mártir de Verona.
 
 
Pág. 221 - Torre de Ornelas
É feita sobre uma fotografia do sr. dr. José Forbes Costa, a gravura que aqui damos desta torre solar da família Ornelas, uma povoação do mesmo nome perto de Amares, no Minho. Chama-se esta torre a Torre do Outeiro, é quadrada, e tem uns 14 metros de alto. Pretendem alguns autores que nesta torre nasceu o célebre mestre dos Templários D. Gualdim Paes; mas é menos verdade, pois o denodado guerreiro nasceu em Marecos. Os caseiros da quinta, que andava anexa à torre, pagavam-lhe anualmente 15 varas de bragal.
 
 
Pág. 224 - Púlpito da Penha
Ainda que de um gosto diverso do púlpito do Salvador, este da Penha é também uma primorosa obra de arte, havendo principalmente a admirar o traba­lho de talha do baldaquino. Este mosteiro da Penha, da ordem da Conceição, terceira fundação da ordem no arcebispado de Braga, foi fundado em 1625 pelo cónego Geraldo Gomes, que faleceu em 1648 e jaz enterrado na igreja do mesmo convento. Sendo abastado de bens de fortuna, todos ele gastou nesta edificação, que fez opulenta, como se vê, chegando a morrer tão pobre que foi preciso que um sobrinho lhe fizesse à sua custa as despesas do fu­neral, como consta de um Livro de Óbitos, guardado no arquivo do Seminário diocesano de S. Pedro.
 
 
Pág. 225 - Roteiro de Vasco da Gama na sua primeira viagem à Índia
É tudo quanto há de mais exacto este roteiro, pois que é feito sobre a carta demonstrativa da via­gem que em descobrimento da Índia fez Vasco da Gama em 1497, carta que acompanha o Roteiro da Viagem de Vasco da Gama em MCCCCXCVII, segunda edição correcta e aumentada de algumas observações principalmente filológicas, por A. Herculano e o barão do Castelo de Paiva, Lisboa, Im­prensa Nacional, 1861.
 
 
Pág. 229 - Castelo da Lousã
É um pequeno castelo em que apenas se podem defender uns 40 soldados, construído sobre um acervo de rochedos gigantes; mas tão bem construído que, apesar de antiquíssimo e das escavações dos serranos em busca de tesouros encantados, ainda se conserva quase inteiro, e a torre sobretudo está num perfeito estado de conservação. Na frente do castelo veem-se as ruínas duma antiquíssima povoação, que era a antiga Lousã, mudada para o sítio actual, ao que parece do tempo de D. Sancho I. A fundação do castelo é remotíssima, supondo-se que fora construído pelos Árabes, e reconstruído pelo conde D. Sisnando, governador de Coimbra em 1080. Tor­nou de novo a cair em poder dos Mouros, a quem foi reconquistado pelos Portugueses no século XII. Ligada à conquista deste castelo anda uma lenda, em que se diz ter nele aparecido um livro antigo espedaçado e ensanguentado, contendo, entre outras coisas, o célebre poema atribuído ao último rei godo D. Rodrigo, e que principia por este verso: O rouço da cava imprio de tal sanha.
 
 
Pág. 232 - Capitel de Santa Cruz
O muito que já temos dito acerca deste vetusto monumento coimbrão dispensa-nos de acrescentarmos mais alguma coisa sobre o capitel representado pela nossa gravura, e que é um dos mais autênticos vestígios da primitiva fundação daquele velho edifício.
 
 
Pág. 233 - D. Maria de Castela, segunda mulher de D. Manuel
Existe na Casa Pia, em Belém, um retrato, de que é cópia o que aqui damos. Acerca deste retrato, escreveu o sr. Benevides no seu já por vezes citado li­vro, As Rainhas de Portugal: «Parece ser este retrato bem autêntico; o trajo e o físico da rainha estão muito de acordo com o que se sabe a respeito desta princesa. O quadro de que fomos tirar este retrato acha-se no quarto nº 7 da Real Casa Pia em Belém; foi restaurado em 1864, pelo pintor António Caetano da Silva».
 
 
Pág. 237 - Casamento de D. Manuel com sua terceira mulher, D. Leonor de Áustria
Foi D. Álvaro da Costa, primeiro provedor da Misericórdia, e cujo retrato à esquerda se destaca, tendo na orla do manto o seu nome, D. Álvaro da Costa, primeiro Provedor desta Casa, quem encomendou ao pintor toledano Blas del Prado o quadro existente na Misericórdia de Lisboa, no gabinete do Provedor, de que mandámos fazer para esta nossa edição da História uma reprodução em gravura. Todo o quadro foi feito por informações, pois que há uma circunstância importante neste casamento de D. Manuel, que é ter sido ele feito de noite, e, contudo, não se vê no quadro lâmpada ou vela que faça lembrar esse facto. Deste quadro só se conhecem quatro retratos: o de D. Manuel, o de sua mulher D. Leonor, o de D. Álvaro da Costa que foi negociar o casamento, e o do bispo de Lisboa que o celebrou; os outros personagens não se sabe quem sejam.
 
 
Pág. 240 - Interior da capela de Garcia de Rezende
A capela que a nossa gravura representa, construção do século XVI, como se vê pelo seu estilo arquitectónico, existe na cerca do convento de Nossa Senhora do Espinheiro, em Évora, fundação do en­tão bispo daquela diocese, D. Vasco Perdigão, e é nele que jazem os restos do poeta e cronista Gar­cia de Rezende.
 
 
Pág. 241 - D. Leonor de Áustria, terceira mulher de D. Manuel
Este retrato é calcado sobre o que vem no cele­brado quadro do Casamento de D. Manuel, existente na Misericórdia de Lisboa, e que nós reproduzimos a páginas 237 deste volume da História. O que da mesma rainha o sr. Benevides fez publicar no seu li­vro Rainhas de Portugal é cópia do desenho de uma medalha antiga feita por P. Morganti, que saiu no tomo VII da obra intitulada Aquila Augusta, por João Palácio, em Veneza, em 1679, e que se reprodu­ziu no tomo IV da História genealógica da Casa Real Portuguesa.
 
 
Pág. 245 - Igreja matriz de Castro Verde
Segundo tradição muito vulgarizada principal­mente naquela freguesia, a capela denominada das Chagas do Salvador e vulgarmente Senhor dos Remédios, acha-se no mesmo sítio em que existiu a pe­quena capela em que vivia o ermitão, que, conforme a lenda, anunciou a D. Afonso Henriques a aparição de Cristo, na véspera da batalha de Ourique. Filipe II mandou-a reedificar ampliando-a muito, instituindo para essas obras a feira de outubro, aplicando para elas os rendimentos do terrádego. No interior dela há grandes quadros a óleo de cerca de 2 metros de alto, representando a batalha dada por D. Afonso Henriques aos Mouros no sítio denominado Cabeças de Rei, vulgo S. Pedro das Cabeças, aonde existe a ermida do mesmo santo e que dista 2 ou 3 quilómetros da vila de Castro Verde; a tomada de Santarém; o juramento de D. Afonso Henriques; o rei conversando com o ermitão; Afonso Henriques adorando Cristo, etc. No interior da igreja matriz há os mesmos quadros em maiores proporções, mas em azulejos, muito bem conservados e de grande valor.
 
 
Pág. 249 - Partida de Vasco da Gama para a Índia
Criou-se esta composição para ilustrar o capítulo XVII deste volume da nossa História, em que a descrição da partida de Vasco da Gama em demanda do novo caminho da Índia é, por Pinheiro Chagas, tratada magistralmente.
 
 
Pág. 253 - D. Álvaro da Costa, chanceler do tempo de D. Manuel
A autenticidade deste retrato consiste em ter ele sido desenhado sobre o que deste personagem se vê no quadro representativo do Casamento de D. Manuel, existente na Misericórdia de Lisboa, e por nós reproduzido a páginas 237 deste terceiro volume da História.
 
 
Pág. 256 - Cruz processional de S. Martinho da Sardoura
O sr. Joaquim de Vasconcelos nas palavras com que história cada um dos objectos expostos na Exposição distrital de Aveiro de 1882, diz o seguinte referindo-se a esta cruz que apareceu naquele certâmen de arte: «À primeira vista reconhece-se o tipo característico do princípio do século XV; mas na cruz lê-se a data de 1101. A contradição ex­plica-se facilmente; a obra da cruz, os lineamentos, foram traçados com efeito, no princípio do século XV. Era uma peça de cobre, lisa e muito modesta, mas na segunda metade do século XVI cobriram-na com um lavor de rótulos e pendurados, gravado no estilo do Renascimento, e douraram-na pondo-lhe a data citada. A urna da haste que prende a cruz por um processo de encaixe é da mesma época de 1561, e bem assim a figura de bronze do Cristo. Esta cruz mede 0,65 m de alto por 0,33 m de largo (nos braços).
 
 
Pág. 257 - Vasco da Gama, subjugando uma insurreição a bordo
Veja-se em páginas 131 e seguintes deste volume a descrição deste acto de força do heroico desco­bridor do novo caminho da Índia.
 
 
Pág. 261 - Aqueduto de Évora
Foi edificado sobre os restos do que se atribuiu a Sertório, quando reinou em Portugal D. João III, o aqueduto do qual damos um aspecto. Começaram os trabalhos da edificação logo depois de 1531, durando 7 anos. A água vem das proximidades da aldeia de Nossa Senhora da Graça do Divor, distam pouco mais de 9 quilómetros de Évora, e corria antigamente num chafariz da praça principal da cidade pelas bocas de quatro leões de mármore; julga-se mesmo que chegou a ir até ao templo de Diana, por se haverem encontrado uns tanques em torno do templo em 184... Actualmente está muito arruinado.
 
 
Pág. 264 - Capiteis da Sé de Coimbra
Não queremos aqui alargar-nos mais sobre este monumento da arqueologia cristã, acerca do qual já dissemos bastante nas notas com que rematámos os primeiros dois volumes da História. Esta gravura serve para mostrar ao leitor os diversos tipos de colunas, e respectivos capitéis representativos das épocas em que eles foram lavrados.
 
 
Pág. 265 - Paços de D. Manuel, em Évora
Entrando a porta do Rocio, diz o autor de um curioso Roteiro da cidade de Évora, referindo-se ao passeio e restos do palácio de D. Manuel, prende naturalmente as atenções ao forasteiro o passeio desta cidade. Surpreende em verdade aquela esplêndida vegetação, aquela variedade de flores mimosas, aqueles hinos misteriosos dos rouxinóis, o que tudo, ao modo de ameno oásis nestas planícies do Alentejo, o encanta e delicia. Erguendo-se tisnado pelo hálito dos séculos o palácio de D. Manuel com suas janelas geminadas entre verdura e flores, é de um admirável efeito, e desperta na alma poéticas saudades daqueles tempos de esplendor nacional, de sa­raus, festins e músicas que por aquelas abóbadas ressoariam.
 
 
Pág. 269 - Túmulo de D. João de Noronha, no mosteiro de Santa Cruz de Coimbra
É este o segundo túmulo da capela do Santo Cristo (veja-se o que dissemos a páginas 610 e páginas 611) e que fica da parte da epístola. Tem esta inscrição:
AQVI IAS DOM IOÃO DE NORONHA E MENEZES XXV PRIOR MOR DESTE MOSTEIRO. FILHO DE DOM PEDRO DE MENEZES PRIMEIRO MARQVES DE VILLA REAL E DA MARQVEZA DONA BRITES DE LARA. FALECEO A 24 DE AGOSTO ANNO DO SENHOR 15O6.
Este D. João de Noronha foi o famigerado prelado que não quis aceitar de D. João II o arcebispado de Braga, tendo em mais do que esse arcebispado o priorado de Santa Cruz.
 
 
Pág. 272 - D. Martinho da Costa, Arcebispo de Lisboa
Foi este prelado quem celebrou o casamento de D. Manuel com sua terceira mulher, sendo o retrato que aqui damos copiado do famoso quadro representando aquele casamento, existente na Misericór­dia de Lisboa e do qual, a página 237, damos a reprodução.
 
 
Pág. 273 - Recepção de Vasco da Gama, por el-rei D. Manuel
Leia-se a página 149 deste volume a descrição desta solene cerimónia, em que o venturoso monarca recebe o heroico navegador, depois da sua primeira viagem à Índia.
 
 
Pág. 277 - Casa onde, segundo a tradição, viveu Cristóvão Colombo
Foi o Dr. Rodrigues de Azevedo quem, em 1873, nas notas às Saudades da Terra de Gaspar Fructuoso, revelou por escrito a tradição de que Cristóvão Colombo residira na Madeira na casa do Esmeraldo, que a nossa gravura representa. Sobre que há dúvida e sobre se a casa foi fundada em 1457 e reedificada em 1487, ou se foi fundada nesta última data; seja como for, é certo que nela habitaram por algum tempo os Esmeraldos, nobres flamengos, que foram para a Madeira em 1480, mas que pouco depois a abandona­ram. «Que destino teve, porém, a casa da rua do Es­meraldo, durante quase quatro séculos, não é fácil averiguar, diz o sr. Brito Rebelo; parece servia há muito de celeiro, porque de memória de homem é conhecida pelo nome de Granel do poço, tirando esta designação do fim a que era destinada e dum poço que havia no pátio de entrada. Esta casa pertencia ainda em 1873 ao sr. conde de Carvalhal. Depois deste tempo, e tendo deixado de pertencer ao vínculo, consta que foi a casa vendida a negociantes ou comerciantes, e ultimamente demolida no ano da graça de 1877.» Se o acaso não levasse à ilha da Madeira, ainda a tempo, o ilustrado escritor espanhol sr. D. Ventura de Callejon que sobre o assunto publicou uma desenvolvida notícia na Illustração Espanhola de 15 de outubro de 1878, que secundar do pelo hábil fotógrafo sr. Camacho obteve da casa as vistas principais, não só nada conheceríamos dela, mas, passado algum tempo, se houvera apagado toda a tradição.
 
 
Pág. 280 - Altar-mor de pedra de Ançã, na Sé de Braga
É uma das curiosidades arqueológicas da velha Sé de Braga, este frontal do seu altar-mor, pela antiguidade e pela beleza e relativa perfeição artística de sua escultura.
 
Pág. 281 - Vasco da Gama
Ver original:
Por muitos anos foi este retrato considerado o mais autêntico do ilustre navegador, dizendo-se que fora feito sobre um que, por indicações de Portugal, fora mandado pintar no estrangeiro ainda em vida do heroico descobridor da Índia. O retrato autêntico, porém, do valente marinheiro, encontrou-o há bem pouco tempo ainda, um dos descendentes de Vasco da Gama, e a sua reprodução daremos numa das primeiras páginas do novo volume da nossa História
 
Pág. 285 - Portal do Mosteiro de Celas
Tivemos já ocasião de nos referir a este mos­teiro nas notas dadas nos anteriores volumes da História; pelo que nos limitaremos aqui apenas a dizer que este gracioso portal é obra da abadessa D. Leonor de Vasconcelos, senhora de bastante nobreza, que mandou reformar a igreja, que é de excelente e admirável estructura. O curioso pórtico reproduzido pela nossa gravura tem no cimo, ao centro, uma co­roa de espinhos e esta legenda: DU MEVS DECORAVIT MEE. - Inferiormente, nas bases das colunas, lê-se esta outra dividida pelos dois lados desta forma: Et ERIT IN PACE MEMÓRIA EIVS 1530.
 
 
Pág. 288 - Cruz processional de Rocas
Mede 1,10 de alto por 0,45, nos braços, a cruz representada pela nossa gravura e que pertence à junta de Paróquia de Rocas, no distrito de Aveiro. É de prata sem vulto de Cristo, com quatro campainhas pendentes, belíssimo trabalho do século XVII, exem­plificando os diferentes processos da oficina, que eram o lavor de martelo (nó da haste), de lima e de buril.
 
 
Pág. 289 - Partida de Álvares Cabral
Substituam-se as nossas pálidas palavras pela prosa brilhantíssima de estilo com que Pinheiro Chagas descreve esta partida de Pedro Álvares Cabral em busca de um novo mundo, o que se encontra a páginas 162 e seguintes deste, terceiro volume da História.
 
 
Pág. 293 - O convento da Pena, no século XVI
O que poderíamos aqui dizer acerca deste pri­moroso monumento já o dissemos em páginas 627 do 2º volume desta História, quando tivemos de acompanhar de algumas palavras a gravura represen­tativa do mesmo edifício no século XV, gravura pu­blicada a página 373 do mesmo volume.
 
 
Pág. 297 - Pedro Álvares Cabral
O retrato que ora damos do heroico descobridor do Brasil é feito sobre o que vem nos Retratos e Elogios de Varões e Donas, livro tantas vezes por nós citado, e em que se encontra, no texto, as seguintes palavras explicando a sua autenticidade: «O seu Retrato da mesma sorte que aqui vai, é conforme ao que está no Paço Velho».
 
 
Pág. 301 - Pórtico do jogo da bola, na quinta do Santa Cruz
A cerca que junto do seu mosteiro tinham os cónegos regrantes de Santa Cruz era uma das maiores e mais belas que possuíram as extintas ordens religiosas. Apresentava tal riqueza e majestade nas suas ruas, escadarias, lagos, pontes e cascatas; acha­va-se adornada com tal sumptuosidade e magnifi­cência, que mais parecia faustoso parque de pode­roso monarca, que a cerca de uma comunidade religiosa. Todas essas obras majestosas foram con­struídas no tempo do reformador da Congregação dos Crúzios, D. Fr. Gaspar da Encarnação, no reinado de D. João V. Não foi, porém, sem estranheza e murmu­ração do povo que se fizeram essas construções magníficas e luxuosas, impróprias da vida do claus­tro. Depois da extinção das ordens religiosas tem-se praticado na quinta de Santa Cruz vandalismos inauditos. Grande parte dos seus arvoredos gi­gantescos têm sido abatidos, e muitas ruas destruí­das com o fim de alargar a cultura dos cereais por mais alguns metros de terreno, que antes, acoberta­do pela espessura do bosque, apresentava estâncias deleitosas, impenetráveis aos raios do sol. Todavia, ainda resta muito que admirar na quinta de Santa Cruz. Apesar das grandes devastações e estragos nela praticados, convidam ainda a visitar a cerca dos crúzios algumas ruas largas e extensas, toldadas de arvoredo frondoso; o celebrado lago circular orlado por altas paredes de cedro; o grandioso terreiro do jogo da bola (que a nossa gravura representa) com os seus três lindos arcos coroados pelas estátuas da Fé, Esperança e Caridade, com a sua lindíssima cascata e com os gigantescos e copados arvoredos que o assombram; as escadarias majestosas entremeadas de vistosos repuxos; a paragem encantadora da fonte da Nogueira, etc. Guia Histórico do Viajante em Coimbra e arredores.
 
Pág. 304 - Porta-paz de prata, de Évora
Pertence actualmente à Academia de Belas-Artes de Lisboa este maravilhoso espécimen da ourivesaria portuguesa do século XVI, que, ao que parece, fez parte do rico tesouro do mosteiro de Nossa Se­nhora do Espinheiro, em Évora, mosteiro principia­do por D. Vasco Perdigão, então bispo daquela dio­cese, em 1452, e concluído em 1458.
 
 
Pág. 305 - Pedro Álvares Cabral, recebendo a bordo dois indígenas
O leitor encontra a páginas 165 e seguintes deste volume a descrição da cena representada por esta gravura.
 
 
Pág. 309 - Portal gótico do Hospital de Todos os Santos
É feita sobre um desenho que apareceu na excelente publicação Archivo Pittoresco a gravura que damos deste gracioso portal, único espécimen artístico que podemos dar do monumental edifício des­truído por um incêndio em 1750 e pelo terremoto de 1755. O hospital ficava situado no lado oriental do Rossio, ficando a maior parte adentro do espaço ocupado hoje pela Praça da Figueira. Foi fundado por D. João II, que lhe lançou a primeira pedra em 1492, e concluído por D. Manuel em 1501. Formava uma cruz de quatro braços iguais, tendo nos quatro ângulos quatro grandes claustros e uma horta. Um dos braços dessa cruz era a magnífica igreja, que fazia face para o Rocio e para a qual se subia por uma escadaria de 21 degraus. A porta principal era, como se vê pela mesma gravura, ornada de primorosa arquitectura gótica floreada, com os emblemas dos reis fundadores, o Pelicano, de D. João II, e a esfera armilar, de D. Manuel. Os outros corpos do edifício continham diversas enfermarias. Foi incendiado em 27 de outubro de 1601, e outra vez a 10 de agos­to de 1750, o que o reduziu quase completamente a cinzas, escapando unicamente a fachada e escadaria da igreja, e uma enfermaria o que tudo o terremoto de 1755 acabou de destruir. A posse deste desenho, lê-se no artigo do Archivo Pittoresco, que acompanha­va a gravura que serviu de modelo à nossa, única que existe daquele grandioso edifício, deve-se ao zelo e amor pelas antiguidades nacionais, do sr. José Valentim de Freitas, desenhador da Intendência das obras públicas, que o houve de um arquitecto contemporâneo da demolição.
 
 
Pág. 313 - D. Cristóvão da Gama
Encontra-se na Colecção de Memórias relativas às façanhas dos Portugueses na Índia o retrato deste herói cuja reprodução damos neste lugar da nossa edição da História.
 
 
Págs. 315 e 316 - Aspectos de Lisboa no século XV
As gravuras do quadro que nestas páginas apresentamos são rigorosamente feitas, ainda que em linhas mais nítidas, para maior clareza, segundo as gravuras, do Theatrum Urbium de J. Braunio.
 
 
Pág. 321 - Túmulo de D. Afonso Henriques
Este túmulo, bem como o de D. Sancho I, já pu­blicado no primeiro volume da nossa História, foi mandado fazer por D. Manuel, que, tendo visitado em 1502 as antigas sepulturas em que jaziam os res­tos do fundador da monarquia e do conquistador de Silves, as achou mesquinhas para tão grandes ho­mens. São obra primorosa, do mais puro estilo gótico; são ambos iguais nas suas principais formas, mas um detido exame mostra que diferem nos or­natos mais delicados, posto que pareçam idênticos, à primeira vista.
 
 
Pág. 325 - Entrada do Castelo de Torres Vedras
Na classe dos monumentos antigos, escreve o erudito Manuel Agostinho Madeira Torres na sua Descripção histórica e económica da vila e termo de Tor­res Vedras, merece o primeiro lugar o castelo situa­do sobre um monte, que não só cobre e domina a Povoação e igualmente as estradas todas que dela partem, como outros tantos raios, para a circunferência do seu Termo, e mais lugares; mas até fica destacado de outro qualquer monte, e formado desde a sua base até ao cume, com figura tão proporcio­nada que oferece indícios de haver-se aperfeiçoado pela arte. A muralha exterior do Castelo, que tem uma única porta, é lançada a pouco mais de meia al­tura do monte, em cuja eminência se conservam as paredes de um amplo edifício, que parece haver sido destinado para residência do governador ou alcaide-mor e quartel da gente que servisse de guarnição. Nesse edifício houve casas divididas e habitáveis até ao terremoto de 1755; e segundo a tradição, no pri­meiro tempo da monarquia foram residência de algumas das nossas rainhas. Antes da invenção e uso da artilheria não era fácil tomar-se o castelo, senão pela última extremidade da fome, a que se reduzisse a guarnição, o que experimentou el-rei D. João I, desistindo do projecto de assalto. Para que não se padecesse falta de água, não somente havia três cis­ternas no seu recinto, mas também um caminho sub­terrâneo por onde se descia à margem do Sisandro. Há memória de que fora reparado por el-rei D. Fernando, parece que também o seria no tempo d'el-rei D. Manuel, pois as armas colocadas sobre a porta têm a divisa do seu reinado.
 
 
Pág. 329 - João de Barros
Mais uma vez recorremos à excelente colecção Retratos e Elogios de Varões e Donas, donde copiá­mos o retrato que damos de João de Barros, o elegante historiador que todos os clássicos acordaram em chamar, pela elegância da forma literária e beleza de estilo, o Tito Lívio Português. Da Memória, que acompanha esse retrato reproduzimos as seguin­tes palavras justificando a sua autenticidade: «Há um retrato seu na Quinta de Real em Braga, que guarda com veneração o herdeiro de sua casa. Está fielmente copiado nesta estampa de um quadro an­tigo de boa pintura que possui, e ofereceu por con­tribuir generosamente ao bem do público, o nosso amigo Francisco José dos Santos Marrocos, que por suas diligências muito promove a nossa literatura, bem semelhante ao que fez na sua vida Severim de Faria em seus discursos vários.»
 
 
Pág. 333 - Porta da Igreja Matriz de Vila do Conde
Esta igreja, de que, pelo desenho que damos, se pode fazer ideia do lavor artístico da frontaria é uma das maiores belezas de Vila do Conde. É um templo majestoso, de três naves, que assentam sobre duas ordens de arcaria de granito, a que correspon­dem no exterior duas séries de ameias que adornam as paredes em toda a sua extensão. É notável ainda nesta igreja o coro, com as suas opulentas cadeiras de espaldar. Escusado será dizer que esta igreja foi mais uma das brilhantes obras do reinado de D. Ma­nuel. 
                                        
 
Pág. 336 - Pelourinho de Bragança
Nos livros que consultámos acerca desta antiquíssima cidade de Trás-os-Montes, não conseguimos ver a que data atribuir o famoso pelourinho que aqui damos e que é um dos mais curiosos monu­mentos do género em Portugal. Bragança esteve por muitos séculos sujeita às diferentes alternativas das outras cidades peninsulares e sob o jugo de diferentes dominadores. Foi antigamente uma forte praça de armas, toda murada e com um antiquíssimo e grande castelo edificado por D. Diniz no século XIII, mas ampliado depois por D. João I, cujas armas se veem no castelo.
 
 
Pág. 337 - O rei de Melinde, visita a esquadra de Vasco da Gama
Descreve-se esta cena representada pela composição que o leitor tem à vista, a página 138 deste 3º volume da História de Portugal.
 
 
Pág. 341 - Túmulo de D. Jorge de Mello, bispo da Guarda
É sumptuosíssimo este túmulo do magnificente prelado egitaniense, existente no convento de S. Ber­nardo, fundado pelo próprio D. Jorge de Mello em 1575. Era bispo da Guarda o cardeal D. Afonso, fi­lho de D. Manuel; e querendo seu pai dar-lhe um lugar mais rendoso, instou com D. Jorge de Mello, ao tempo abade de Alcobaça, para que trocasse esta abadia pela mitra da Guarda. D. Jorge, violentado pelo pedido, aceitou, mas nunca exerceu a nova di­gnidade na sua catedral, fixando a sua residência em Portalegre, que ainda então pertencia ao bispado da Guarda, cidade onde nunca quis entrar, dizendo: «Não quero ir à terra onde matam os bispos», alusão ao assassínio do seu predecessor Álvaro de Menezes. Entretanto D. Jorge exerceu o seu cargo durante 3 anos, residindo sempre em Portalegre, onde faleceu em 5 de agosto de 1548.
 
 
Pág. 344 - Torre do Convento da Esperança em Lisboa
Foi destruído não há ainda vinte anos este velho mosteiro, (e com ele a curiosa torre, de que um acaso providencial nos deixou o desenho que serviu de modelo para a gravura que hoje damos) para a abertura da Avenida de D. Carlos em Lisboa. Era mosteiro de freiras franciscanas, e fora fundado em 1520 por D. Isabel de Mendanha que por sua morte lhe deixou a maior parte das suas fazendas. Do con­vento da Conceição do Funchal vieram nove freiras para esta fundação e duas do convento de Santa Clara de Santarém. Chegou a ter 60 religiosas, quase to­das fidalgas. Tinha boas rendas.
 
 
Pág. 345 - Fernão Lopes de Castanheda
É feita sobre a estátua representativa deste historiador da Índia, uma das que adornam o monumento de Camões em Lisboa, o retrato que aqui damos de Fernão Lopes de Castanheda. Para prova da sua autenticidade, leia-se o que dissemos acerca de Fernão Lopes, Gomes Eannes de Azurara e Vasco Mouzinho, o primeiro, a páginas 616 do 1º volume, e os outros dois a páginas 618 e 624 do 2º volume de esta nossa edição da História.
 
 
Pág. 349 - Ruínas da igreja do convento de Nossa Senhora da Rosa, em Caparica
Como se vê são só ruínas o que existe deste convento de frades paulistas, fundado num vale profun­do da freguesia de Caparica, por Mendo Gomes de Seabra, em 1410. Tinha uma cerca muito importante, na qual nascia uma água, que, segundo a tradição, curava a lepra e outras moléstias cutâneas.
 
 
Pág. 352 - Entrada da igreja de Nossa Senhora das Salvas, em Sines
Foi fundada esta ermida, que fica situada na costa do mar, por D. Vetaça Lascaris em princípios do século XV e reedificada por Vasco da Gama em 1529. É muito formosa e elegante, está muito bem conser­vada e diz-se que quando Vasco da Gama passava na costa em frente desta ermida a mandava sempre sal­var, donde o nome de Nossa Senhora das Salvas; outros dizem das Salas. No frontispício, tem, como se vê, duas tarjas circulares, uma de cada lado; na da esquerda o escudo das armas dos Gamas, e na da direita a seguinte inscrição em letra gótica:
ESTA CASA DE NOSA SR.ª DAS SALAS MANDOU FAZER O Mto MAGNIFICO Sor DÕ BASCO DA GAMA CÕDE DA VIDIGra ALMIRÃTE VYSEREI DAS YNDIAS FOY FEITA NO ANO DE NOSO S.ro JHU XPÕ DE 1529.
Dentro do templo há vários quadros representando naufrágios. São ex-votos, comemorando o salva­mento de náufragos, que a Fé atribui a Nossa Senho­ra das Salvas.
 
 
Pág. 353 - O Samorim, recebendo Pedro Álvares Cabral
Leia-se em páginas 169 deste 3º volume da História a descrição deste curioso episódio da navega­ção de Álvares Cabral, quando se dirigia ao desco­brimento do Brasil.
 
Pág. 357 - Entrada principal do palácio dos condes de Basto, em Évora
Já a páginas 631 do 2º volume da História tratámos deste palácio, o que nos dispensa de voltarmos agora a falar dele.
 
 
Pág. 360 - Convento de Tibães
Sentimos não dispor de espaço porque seria curioso dar aqui uma desenvolvida notícia deste famoso mosteiro de monges beneditinos, fundado em Mire de Tibães, perto de Braga, por S. Martinho de Dume no ano 562. Em 1080, ou por estar velho, ou por ser acanhado, ou por ter sido destruído pelos Mouros quando senhores da Península, D. Paio Guterres da silva, governador de Braga por D. Afonso VI de Leão, mandou-o reedificar e ampliar. O conde D. Henrique coutou-o em 1110, e D. Afonso Henriques, ainda príncipe, confirmou-lhe o encoutamento em 1135, reunindo-lhe o lugar de Donim, junto ao Ave. Depois daquela data até 1539 sofreu ainda mui­tas reparações, mas as principais foram as que entre 1534 e 1550 mandou fazer o seu abade Fr. António de Sá, que lhe acrescentou várias oficinas e um dor­mitório novo. Em 1640 sofreu novas obras. Com a extinção das ordens, foi o edifício do mosteiro ven­dido a um particular, assim como a cerca e a capela de S. Bento que estava na cerca. Entre os abades que teve este mosteiro conta-se o famoso cardeal de Alpedrinha, D. Jorge da Costa.
 
 
Pág. 361 - Duarte Pacheco Pereira
É delineado sobre o que existe no tecto da Sala nobre da Câmara Municipal de Lisboa, este retrato do invencível herói da Índia, Duarte Pacheco, cujos feitos assombraram naquela época o mundo inteiro.
 
 
Pág. 365 - Retábulo da sacristia do mosteiro de Celas
Mostra-se ao visitante do mosteiro de Celas, como uma das suas curiosidades, este retábulo que lhe foi doado pelo célebre lente da Universidade de Coim­bra, dr. Maninho de Azpilcueta Navarro.
 
 
Pág. 368 - Capela dos Jerónimos em Belém
A devoção de D. Manuel por S. Jerónimo, em toda a parte se manifestou; não contente em con­struir o magnífico templo de Santa Maria de Belém, e respectivo mosteiro para frades Jerónimos, quis dedicar-lhe capela especial, o que fez, mandando construir aquela cuja gravura damos, no alto da cerca do mesmo convento, e que se acha hoje completamente abandonada e pouco menos do que em ruínas. Está profanada esta capela, e já chegou a ser depósito de pólvora, no tempo em que se quis criar com os alunos da Casa Pia uma espécie de bata­lhão escolar. O estilo da capela claramente demonstra a época em que foi feita e a arquitectura a que obedeceu, e que é nem mais nem menos do que a que presidiu a toda a construção do magnífico templo dos Jerónimos, de que damos a estampa a páginas 377.
 
Pág. 369 - Primeira missa no Brasil
O assunto e o quadro são demasiado conheci­dos, para que neste lugar deles nos ocupemos. Sa­be-se que tempos de viva fé eram aqueles, e como qual, portanto, seria o primeiro movimento de cristãos, e portugueses, ao encontrarem, depois de tantíssimos dias de viagem, um mundo novo, cujos destinos eles bem longe estavam de suspeitar.
 
 
Pág. 373 - Túmulo do conde da Sortelha em Góis
O primeiro conde da Sortelha foi D. Luiz da Sil­veira, guarda-mor de D. Manuel, do seu conselho e veador-mor das obras, terras, resíduos, hospitais e capelas destes reinos e senhorios; o título foi-lhe dado por D. João III. D. Sebastião reformou esse título em Diogo da Silveira, filho do primeiro conde; e D. Filipe III em D. Luiz da Silveira. Sortelha é uma vila da Beira baixa, a 12 quilómetros do Sabugal; e Góis, onde existe o túmulo desta família, fica também na Beira Baixa e não a grande distância da Sortelha.
 
Pág. 377 - Mosteiro dos Jerónimos
Este mosteiro, da invocação de Santa Maria de Belém, um dos mais sumptuosos monumentos de Portugal e representativo da época mais gloriosa das navegações e conquistas dos portugueses, está situado na margem do Tejo, a uma légua de Lisboa, num lugar chamado antigamente barra do Restelo, onde havia uma ermida de Nossa Senhora daquele título fundada pelo infante D. Henrique. (Veja-se o que dizemos quando tratarmos da Conceição Velha, a páginas 621 deste mesmo volume). Foi D. Manuel, quan­do Vasco da Gama regressou da primeira viagem, que resolveu fundar esse monumental edifício, em acção de graças por tal acontecimento. Risco e desenho são do arquitecto Boytaca. A igreja é de três naves; o tecto, todo de abóbada lavrada e ornada de laçarias, é sustentado por oito colunas de mármore de cores. A capela-mor não se concluiu por morrer D. Manuel, e aquela a que se dá esse nome é obra de D. Catarina, mulher de João III. Sentimos não dispor de espaço para darmos do colossal monumento uma descrição ao menos ligeira; o leitor, porém, curioso de conhecer o sumptuoso mosteiro, encontra em monografias especiais tudo quanto possa dizer-se a tal respeito.
 
Pág. 381 - Fonte da Samaritana, em Xabregas
Hoje já ela se não encontra no estado em que a nossa gravura no-la representa; o tempo e o nenhum cuidado têm destruído a pouco e pouco esta única relíquia do século XV. É reprodução de um desenho de 1843, publicado no Jornal das Belas-Artes, donde resumimos a sua descrição histórica. A Fonte da Samaritana foi mandada construir à beira da estrada pela devota rainha D. Leonor; aí se veem em relevo, em pedra de tosca escultura, a imagem de Cristo e a da mulher da Samaria e abertas em duas fitas gravadas com letras góticas as primeiras palavras do diálogo que o Salvador teve junto ao poço de Jacob, vizinho de Sicar, com a Samaritana. No tanque da fonte estava a empresa das armas da rainha, que é uma rede de arrastar. Apesar de mutilado, é um dos monumentos mais perfeitos do seu estilo que entre nós existe.
 
 
Pág. 384 - Diogo do Couto
Na interessante colecção intitulada Retratos e Elogios de Varões e Donas se encontra o retrato do ilustre cronista, donde fizemos tirar o que aqui publicamos. Da sua autenticidade infere-se pelas se­guintes palavras que destacamos da Memória que, naquela colecção, acompanha o dito retrato: «Vem seu retrato nas Décadas, com esta letra em cima: - Effigie Jacobi do Couto Regii apud Indes historiographi; e na parte inferior o dístico seguinte:
EXPRIMIT EFFIGIE QUOD SOLUM IN CAESAR VIVUM EST HISTORIAM CALAMO TRACTAT, & ARMA MANU.
 
 
Pág. 385 - João da Nova, em luta com cem paraus
Encontra-se a pág. 175 deste volume a descrição do famoso sucesso que é o assunto da presente gravura.
 
 
Pág. 389 - Entrada para a torre de S. Vicente de Belém
No artigo imediato encontrará o leitor notícia ligeira do encantador mimo de arte manuelina que se chama Torre de Belém, e de que o trecho de que damos aqui a reprodução em gravura é um lindíssi­mo fragmento.
 
 
Pág. 393 - Torre de S. Vicente de Belém
É, como o mosteiro de Santa Maria de Belém, da qual fica situada a pouca distância, obra de D. Manuel, concluída em 1520. É o mais lindo monumento que do género existe em Portugal. Construído originariamente no meio das ondas, hoje está no pontal de uma lingueta. Uma das maiores curiosidades desta torre é a chamada sala regia. É quadrada, mas tem o tecto elíptico; duas pessoas, uma a cada canto, ouvem se perfeitamente ainda que falem baixo, não sendo ouvidas por outras que se encontrem no meio delas.
 
 
Pág. 397 - Lareira na Torre de S. Vicente de Belém
Até agora só se conhecia a Torre de Belém no seu gracioso conjunto; isto nos levou a apresentar dela alguns fragmentos soltos, a fim de dar ao leitor que não a possa visitar a ideia de que, ainda nos seus mais pequenos pormenores, cada uma das par­tes desse bijou de arte corresponde à graciosidade do aspecto geral.
 
 
Pág. 400 - Martim de Azpilcueta Navarro
Foi um dos vultos mais notáveis do seu século em ciências e letras, e, apesar de espanhol de origem, incluímo-lo na nossa galeria, porque foi em Portugal que ele prestou os seus relevantes serviços. Faleceu com 92 anos em 1586, em Roma, aonde o levara o desejo de defender um dominicano, a quem a Inqui­sição de Espanha processara como suspeito na Fé. Sobre o seu túmulo, vê-se o seu retrato em busto, e dele foi copiado o que vem nos Retratos e Elogios de Varões e Donas, donde tirámos o que aparece na nossa História.
 
 
Pág. 401 - Sortida dos Portugueses em Calecute
Veja-se a páginas 182 deste volume a descrição pormenorizada de mais este feito de armas dos Portugueses na Índia.
 
 
Pág. 405 - Porta de S. Francisco, em Alenquer
No edifício a que pertence a porta de que damos a gravura está actualmente estabelecido o hospital da Misericórdia da Vila de Alenquer. A fundação do convento é do século XIII, como se comprova pela seguinte inscrição gravada em uma pedra por baixo do coro da igreja:
A INFANTA D. SANCHA, FILHA D'EL-REI D. SANCHO, NETA D'EL-REI D. AFFONSO HENRIQUES, PRIMEIRO REI DE PORTUGAL, FUNDOU ESTE MOSTEIRO NO ANNO DE 1222. ESTA SENHORA RECOLHEU AQUI OS SANTOS CINCO MARTYRES DE MARROCOS, PELO QUE MERECEU VEL-OS NA HORA DO SEU MARTYRIO GLORIOSO.
A fundação da igreja também consta de duas inscrições gravadas em pedra, que estão colocadas so­bre a porta da entrada principal dela, uma de cada lado:
ESTA EGREJA FUNDOU A MUI NOBRE RAINHA DONA BRITES E ACABOU-A O MUI VIRTUOSO SEU FILHO REI DE PORTUGAL, COMPENDIO DE VIRTUDES, DOM DINIZ.
A da esquerda diz:
HOC PERFECISTI NIMIS INCLITE RES DYONYSY; QUO VIRTUS, TIBI GAUDIA DET PARADISI. AMEN.
 
 
Pág. 408 - Cartuxa de Évora, da ordem de S. Bruno
Lê-se no Roteiro da cidade de Évora e breve notícia dos seus principais monumentos: «No dia 8 de setembro de 1587 chegaram a esta cidade quatro re­ligiosos da ordem de S. Bruno, vindos de Espanha por diligências do arcebispo D. Teotónio de Bra­gança, sobrinho e sucessor do cardeal-rei, com o fim de estabelecerem a regra do mesmo santo, que ainda não existia no reino a esse tempo, no que muito se empenhava aquele virtuoso prelado, que vivera po­bremente para despender as suas rendas com estas e outras obras de piedade. Foram os religiosos habitar nos paços reais de S. Francisco, enquanto se cui­dava da edificação dessa grandiosa fábrica, arruinada pelo tempo e pelos homens que se nos depara a nor-nordeste, e em distância de um quilometro da cidade, para a qual se passaram no ano de 1598, consagrando-a à Virgem sob o título de Scala coeli. O frontispício, de primorosos mármores, com seus nichos, baldaquinos e imagens, é uma obra que o viajante curioso de antiguidades não deve deixar sem exame. A igreja, grande e formosa, não serve já ao culto, celebrando-se apenas missa aos domingos e dias santos, numa capela contígua; e o convento, que era espaçoso, jaz na maior parte abandonado e exposto à intempé­rie das estações. A cerca, com suas dependências, por lei de 7 de julho de 1862, tinha sido destinada a uma escola prática de agricultura, mas acaba de ser ven­dido tudo por vinte e tantos contos de réis.»
 
 
Pág. 409 - Entrada da Capela de Montemor
Já nos referimos a esta capela, quando tivemos de acompanhar de notícia explicativa uma outra gravura apresentando o aspecto geral desta capela, a página 632 do 2º volume da História.
 
 
Pág. 413 - Pedro Nunes
O retrato deste celebre matemático português, o famigerado autor do nónio, é feito sobre a sua estátua em pedra que faz parte do grupo de oito que rodeia o monumento a Camões em Lisboa. Sobre a sua autenticidade, leia-se o que acima dissemos, ao tratarmos de Fernão Lopes de Castanheda.
 
 
Pág. 417 - Cena de atrocidade praticada por Vasco da Gama
Têm às vezes destas fraquezas os grandes heróis, principalmente quando é na luta e na guerra que se lhes tem desenvolvido a força e a energia. Ve­ja-se a descrição do acto que a nossa gravura representa, a página 185 deste 3º volume da História.
 
 
Pág. 421 - Castelo de Sines
O que a nossa gravura representa é um grande e antigo castelo com dois baluartes para o lado do mar, sendo considerada uma das fortalezas destinadas a de­fender a praça de Sines, e não de Silves, como, por lapso tipográfico, se lê na epígrafe que acompanha a nossa gravura.
 
 
Pág. 425 - Fachada da igreja da Conceição Velha
Querendo D. Manuel, em memória do descobrimento da Índia, construir no sítio onde existia a ermida de Nossa Senhora de Belém no Restelo, pertencente à ordem dos Freires, uma casa religiosa de grandes dimensões (que foi o sumptuoso mosteiro dos Jerónimos), deu por troca à ordem de Cristo a casa que tinha sido Sinagoga dos Judeus no sítio chamado Vila Nova, junto dos muros da cidade. O tem­plo foi purificado e consagrado a Nossa Senhora da Conceição e feito de novo. D. Manuel dotou-a com rendimentos para a sua sustentação e deu-lhe regi­mento em 1507, eximindo a igreja e pessoas dela do poder do ordinário e sujeitando-as a el-rei como administrador da Ordem de Cristo. Em 1568 era ali criada por D. Sebastião a paróquia de Nossa Senhora da Conceição, que se conservou nela 114 anos, sendo mudada em 1682 para a ermida de Nossa Senhora da Vitória, e em 1699 para a Conceição Nova, que fora começada no ano anterior. Próximo do sítio onde fora construída a igreja dos Freires, foi mandado levantar também por D. Manuel o templo da Misericórdia, que ficou sendo o maior e o mais sumptuoso que então havia em Lisboa, depois do de Santa Maria de Belém. «A porta principal olhava para o ocidente, diz um cronista; a porta travessa deitava para o sul. Portas e janelas ostentavam todas as galas de arquitectura gótica. Vinte colunas de mármore de elevadíssima altura e curiosamente lavradas, seis dividindo a igreja em três amplas na­ves e quatro meio embebidas nas paredes, sustenta­vam a abóbada, toda de laçaria de pedra, com artesões e florões, onde se alternavam os emblemas da fé cristã com as divisas do rei fundador. A capela-mor era um monte de ouro em obra de talha, rele­vada de excelente escultura. No cruzeiro viam-se duas ricas e elegantes capelas ocupando os topos, e dois bem armados altares nas paredes laterais. No corpo da igreja não havia primitivamente capela ou altar; mas no terceiro quartel do século XVI uma dama abastada, chamada D. Simôa, edificou nele uma capela do lado do Evangelho, que dedicou ao Espírito Santo, dotando-a liberalmente... Dois recolhimentos de órfãos, um hospital, espaçosas salas para a secretaria, cartório e mais oficinas, torna­ram-se juntamente com a igreja um edifício vasto e grandioso. Um dia bastou para lançar por terra esta soberba fábrica que tantos anos levou a erigir-se. Derrocou-a o terramoto do 1.º de novembro de 1755 e o incêndio que a seguir reduziu a cinzas quase tudo quanto o cataclismo poupara.» A igreja da Conceição dos Freires não escapou à catástrofe e pade­ceu tão grave ruína que teve de ser demolida intei­ramente bem como os prédios que formavam as ruas e travessas próximas. O Marquês de Pombal ordenou então que dos restos da igreja da Misericórdia, de que ficara unicamente de pé a capela do Espírito Santo e a porta travessa que lhe ficava em frente, com as suas duas esguias e elegantíssimas janelas, se formasse uma igreja para ser dada aos Freires da ordem de Cristo em vez da sua que estava irremediavelmente perdida. A igreja que então se construiu com os restos da primitiva Misericórdia é essa que aí vemos na rua da Alfândega, e que o público denomina da Conceição Velha, cuja reprodução da­mos em gravura, representando-a entre os anos de 1818 e 1880, pois que durante esse período esteve o pórtico privado do magnífico tímpano que tinha primitivamente, que naquela data (1818) foi tirado pe­los Freires, e substituído por uma grade, para dar mais claridade ao coro, e que em 1880 foi reposto no seu lugar; no novo volume da História daremos um novo aspecto da fachada desta igreja, com o respectivo tímpano, que ora lá se vê, e que repre­senta em alto relevo, a imagem de Nossa Senhora da Misericórdia, de manto aberto, sustido por dois an­jos e a seus pés, de um lado, el-rei D. Manuel, a rai­nha D. Leonor, sua irmã, viúva de D. João II e príncipes daquele tempo, todos de joelhos; e do outro o papa Leão X, fr. Miguel de Contreiras, o instituidor da Misericórdia, cardeais e bispos que concederam a estes reinos a fundação de hospitais, misericórdias e albergarias.
 
Pág. 429 - Ruy de MenezesO personagem cujo retrato aqui damos, viveu no século XVI e foi mordomo-mor da terceira mulher de D. Manuel. E feito este retrato pela sua estátua ja­cente do seu túmulo, existente hoje no Museu Arqueológico do Carmo, para onde foi transportado de Santarém, onde estava num dos conventos daquela cidade. A páginas 480 damos também a reprodução de todo o túmulo e seu arco, que são realmente muito artísticos, e que é pena acharem-se tão danificados.
 
Pág. 432 - Fonte de André do Rezende
É uma das mais pitorescas antigualhas de Évo­ra; ignoramos, porém, o motivo por que se lhe ligou o nome de André de Rezende, esse célebre antiquário português, um dos mais distintos humanistas do século XVI, e de cujo nascimento Évora se deve orgulhar como de um dos seus mais ilustres filhos.
 
 
Pág. 433 - Bombardeamento de Calecute
A descrição deste heroico feito de armas dos Portugueses na Índia, encontra-se a páginas 188 deste 3º volume da nossa História.
 
 
Pág. 437 - Janela da casa de Garcia de Rezende, em Évora
Quando se tirou a fotografia que serviu para a fotogravura que damos da casa em que residiu Garcia de Rezende, já haviam sido feitas nesta grandes modificações, de modo que desaparecera a an­tiga porta cuja cimeira ainda aparece na gravura que damos a páginas 541 do 1º volume da nossa História, e que fora duma gravura antiga por nós encontrada entre muitos papeis velhos. Damos de novo esta janela, para podermos apresentar o aspecto geral de uma casa, que é na verdade muito curiosa sob todos os pontos de vista.
 
Pág. 440 - Friso na fachada sul do convento dos Jerónimos
Apenas como espécimen da beleza arquitectónica ainda nos mais pequenos pormenores deste grandioso edifício, é que damos esta gravura. Quanto ao aspe­cto geral leia-se o que já ficou dito a páginas 620.
 
 
Pág. 441 - Tristão da Cunha
O retrato deste ilustre guerreiro, que tão bri­lhante figura fez na nossa história marítima encon­tra-se no livro Colecção de Memórias relativas às façanhas dos Portugueses na Índia.
 
 
Pág. 445 - Paróquia de D. Manuel
Representa esta gravura, cópia duma excelente fotografia de Carlos Relvas, as ruínas da igreja que sob a invocação da Exaltação de Santa Cruz, D. Manuel mandou edificar na Batalha, que ele hon­rou também desanexando-a da jurisdição de Leiria e dando-lhe a categoria de vila. Foi construído o novo templo no terreno chamado da Mouraria, a pequena distância da grandiosa catedral de N.ª S.ª da Vitória, e em reconhecimento ao seu fundador, ficou desde então até hoje chamado pelo povo Paró­quia de D. Manuel. Tendo começado as obras aí por 1514, concluiu-se a edificação no reinado de D. João III, em 1532, data que ainda hoje se lê na porta principal, por debaixo das armas reais. Em 1834 já o templo estava em tal estado de deterioração que o serviço paroquial teve de ser transfe­rido para a igreja de Na Sª da Vitória; e o terra­moto de 1858 acabou de destruir o templo, abatendo o madeiramento do corpo da igreja, deixando de pé só as paredes, a torre e a capela-mor com as sacris­tias contíguas. Nesse estado se acha ainda hoje a an­tiga Paróquia de D. Manuel, que serve actualmente de cemitério, e em cujas ruínas venerandas se os­tenta ainda intacta a bela porta principal, espécimen muito interessante do chamado estilo manuelino.
 
 
Pág. 448 - Sarcófago de D. Gonçalo de Sousa
Existe no Museu Arqueológico do Carmo, donde o mandamos copiar, este sarcófago de D. Gonçalo de Sousa, comendador-mor da ordem de Cristo e esmoler-mor de D. Afonso V. Veio para o Museu do Carmo do extinto convento de S. Domingos de Santarém. Tem à volta a seguinte legenda que é muito curiosa, e que parece estar já incompleta: «... o do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de 1469 edificou e mandou fazer esta capela e casas com todo o seu circuito o honrado cavaleiro D. Fr. Gonçalo de Sousa Comendador-mor da Cavallaria da ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo; do conselho d'el-rei D. Afonso V; criado e fei­tura de menino do muito nobre e excelente e com­prido de muitas virtudes o infante D. Henrique, que foi governador e minist... que de Viseu e Senhor de Covilhãn, o que achou... tificou todas as ilhas da Madeira e dos Açores, com toda a costa de Guiné até às Índias: filho do mui nobre rei D. João 1 e da Rainha D. Filipa o qual comendador-mor foi vedor da casa e fazenda do dito infante, e seu chanceler e alferes-mor; as quais virtudes que em este infante havia, este comendador-mor as mandou aqui escrever e são estas:... deu nenhuma coisa ao demo, e quando lhe fazia desprazer tudo dava a Deus; nem dizia mal de nenhum, nem cobi­çava a nenhum mal; nem bebia vinho; nunca jurou por Deus, nem por santos... Das quaresmas e festas de Jesus Cristo e de Santa Maria, e Apóstolos e outros santos jejuava, e pela maior parte a pão em água; era muito catholico, e cumpria em tudo o oficio de igreja; foi muito obediente e seu pai e mãe e a seu rei e a todo...»
 
 
Pág. 449 - Recepção de Vasco da Gama por D. Manuel
Veja-se a páginas 150 deste volume a descrição da cena representada pela nossa gravura.
 
 
Pág. 453 - Porta principal do convento de Jesus, em Setúbal
É a igreja cuja fachada a nossa gravura repre­senta o mais notável edifício de Setúbal. Foi funda­do em 1489 por Justa Rodrigues Pereira, ama de D. Manuel, sendo o risco do celebrado Boytaca. É de três naves sustentadas por colunas salomónicas, sen­do a abóbada toda de pedra. O tecto da capela-mor é de trabalho admirável, sendo a tribuna de rica talha dourada. A parte superior das paredes laterais interiores do templo, até à cimalha, está revestida de 16 quadros magníficos, quase todos oferecidos pelo imperador Maximiliano. O pórtico é de um primo­roso trabalho; o que é pena é que já esteja muito danificado como está.
 
 
Pág. 456 - Armas de Damião de Góis
As armas de Damião de Góis são as que ele ha­via emendado, nas de sua geração, lê-se na Memória que acompanha o seu retrato nos Retratos e Elogios de Varões e Donas, com licença do imperador Car­los V, e lhe concedeu por carta sua el-rei D. Sebas­tião, para as poder usar como chefe delas em todos os lugares costumados, e em sua própria sepultura e seus descendentes por linha direita, e outra alguma pessoa não. Está no R. Archivo Liv. 6 de Privileg. d'EI-Rei D. Sebastião e D. Henrique fol. 252; e com ela o Alvará passado ao Rei de Armas Portugal Gas­par Velho, com data de Lisboa, em 11 de abril do mesmo ano, para lhas mandar registar nos Livros da Nobreza, em razão dos serviços feitos por ele a el-rei D. Manuel, e D. João III. São por diminuição em campo azul cinco quadernas de luas de prata em aspa, elmo de prata aberto guarnecido de ouro, paquife de prata e azul, timbre meio leão de prata or­nado de ouro, e coronel do mesmo entre duas azas de azul, sobre as quais estão as mesmas quadernas das armas semeadas; e diz-se por diminuição, porque os Góis têm por armas em campo azul seis quader­nas em crescentes de prata em duas palas, por tim­bre dragão azul armado de prata.
 
 
Pág. 457 - Janela ornamental dos Jerónimos
O que ficou dito a páginas 620 acerca de todo o edifício dispensa-nos de voltarmos agora ao assunto; basta-nos dizer que, se houvéssemos de esmiuçar todas as belezas arquitectónicas do sumptuoso templo de Santa Maria de Belém, não nos bastaria um volume inteiro da nossa História.
 
 
Pág. 461 - D. Maria, infanta de Portugal
Nasceu em 1521, nos paços da Ribeira esta for­mosa princesa, filha de D. Manuel e de sua terceira mu­lher D. Leonor de Áustria. É este retrato tirado do que vem na colecção Retratos e Elogios de Varões e Donas, e acompanham-no estas palavras explicati­vas: «O retrato que desta senhora oferecemos, é copiado de um quadro do seu mesmo tempo, que a representa ao natural com muito primor: conserva-se no Real mosteiro da Encarnação desta cidade com grande veneração; e devemos à excelentíssima comendadeira a generosa franqueza, com que pres­tou seu consentimento para utilidade do publico. Outro há também muito semelhante na igreja do convento da Luz, dentro da capela do Sacramento».
 
 
Pág. 464 - Pelourinho do Couto de Alcobaça
Constitui este pelourinho uma das mais curiosas antiguidades do antigo Couto, que é povoação muito antiga, sendo mandada povoar por D. Sancho I em 1201. D. Manuel deu-lhe foral em 1514, e tem misericórdia fundada no século XVI.
 
 
Pág. 465 - Naufrágio de Vicente Sodré
Foi como que um castigo infligido à desenfreada ambição de Vicente Sodré este naufrágio em que, o aliás valente soldado português perdeu a vida e fazendas adquiridas de um modo bem pouco honro­so. Veja-se a páginas 191 a notícia deste naufrágio, que deu margem a que sobre ele Manuel Pinheiro Chagas bordasse um interessantíssimo romance histórico, a que deu o mesmo título que serve de epígrafe à nossa gravura.
 
 
Pág. 469 - Porta da igreja de S. Pedro, em Torres Vedras
Não conseguimos saber a data da fundação desta igreja, mas é muito antiga, talvez do princípio da monarquia, porque a rainha D. Brites, viúva de D. Afonso II havia apenas 30 dias (D. Afonso morreu em 16 de fevereiro de 1279), fez uma doação, em latim, datada de Palmela em 27 de março de 1317 (era de César, e 16 de março de 1279, era de Cristo), ao mosteiro de Alcobaça, do padroado da igreja de Torres Vedras de que era donatária. Apesar da sua antiguidade, é um bom templo e está bem con­servado, graças às suas sucessivas reparações.
 
 
Pág. 472 - Púlpito de Santa Maria de Belém
É uma das maravilhas arquitectónicas do grandioso templo este púlpito, que em nada fica a dever em gosto e em antiguidade ao monumental púlpito de Santa Cruz de Coimbra de que já no volume 2º (página 32) demos a gravura. Para a história do templo dos Jerónimos, em geral leia-se o que fica dito acima, a páginas 620.
 
 
Pág. 473 - Interior da Capela dos Jerónimos
Tem todo o aspecto característico das obras do século XVI este interior, que em nada desmerece da arquitectura manuelina do grande edifício, a que andava anexa a capela dos Jerónimos, de que já fica dada notícia a páginas 620 deste volume.
 
 
Pág. 477 - D. Isabel, imperatriz da Alemanha, filha de D. Manuel
É a terceira filha deste monarca e nasceu em 1503; foi sua mãe a segunda mulher de D. Manuel, D. Maria. Foi esposa do imperador Carlos V, com quem casou em março de 1526, vindo a falecer em Toledo 13 anos depois, em 1536. O retrato que aqui damos é feito sobre o que vem nos Retratos e Elogios de Varões e Donas, e acerca de sua autenticidade veja-se o que na Memória que o acompanha nessa publicação se lê: «Seu retrato, copiado de uma estátua de bronze ao natural, feita por Leão Avelino pai de Pompeu, insignes escultores, que estava no Palácio novo de Madrid, vem nas Memó­rias das Bainhas por Flores, tomo 2º. O mesmo aponta outro de corpo inteiro em um manuscrito original, que possuía, de estátuas por Diogo Villalla. Acha-se também na estampa de uma medalha inserta no tomo 4.º da História Genealógica, fol. CC segundo João Palácio no seu livro Aquila Augusta, impresso em Veneza, ano de 1679. Tem esta medalha na face em que está insculpida a imagem da imperatriz a letra: Diva Isabela Augusta. Caroli V Uxor; no reverso a empresa que seu marido lhe deu, que eram as três graças conhecidas dos poetas em triplicado amplexo, das quais uma produzia rosas, outra um ramo de murta, e a terceira um ramo de carvalho com suas glandes, as quais eram o hieroglífico da sua peregrina beleza, do amor que lhe tinha, e da sua fecundidade, com estas palavras por orla: Has. Habet. et. Superat. Veja-se Luckio, Sylloge Numismatum elegantiorum, página 95. Poderia notar-se ainda outros, que vem apontados nas Act. da Acade­mia de Leipsic ano de 1761 no 1º de Agosto, página 367.»
 
 
Pág. 480 - Túmulo de Ruy de Menezes
Já nos referimos a este túmulo quando linhas acima tratámos do retrato daquele personagem histórico.
 
Pág. 481 - No dia 25 de março de 1505, parte para a Índia D. Francisco de Almeida
Esta partida de D. Francisco de Almeida, o pri­meiro vice-rei da Índia, é uma das mais maravilho­sas e deslumbrantes cenas que se desdobraram em Lisboa no século XVI. A sua descrição, que nos parece um conto de fadas, encontra-se a páginas 212 deste volume da nossa História. A cena representada por esta gravura é um dos episódios dessa partida representando o embarque do ínclito capitão. Outra, representando esse brilhante cortejo encon­tra-se a pág. 561.
 
 
Pág. 485 - Sala dos Cisnes no palácio de Sintra
Tem também o nome de sala dos Infantes; mas o nome pelo qual é mais conhecido é sala dos Cisnes, em virtude de nos 27 painéis de que se compõe o te­cto desta magnífica sala estarem pintados uns cisnes em cada um, em memória dos dois que os embaixa­dores de Filipe o Bom trouxeram à sua noiva, a infanta D. Isabel, filha de D. João I, que nesta sala recebera os embaixadores. É de grande pé direito; as paredes até quase à altura das portas e janelas, são forradas de azulejos brancos e verdes; o tecto é, como dissemos, dividido em 27 painéis octógonos, com molduras douradas, e em cada um deles está pintado um cisne, com seu gorjal e campainhas ao pescoço, em memória das gorjas de veludo carmesim com campainhas, que a infanta, logo que rece­beu os cisnes enviados pelo seu noivo, lhes pôs ao pescoço. É uma das mais antigas curiosidades do ve­tusto paço de real de Sintra esta sala.
 
 
Pág. 488 - Epitáfio da sepultura de Damião de Góis
Lê-se este epitáfio na sepultura que do egrégio cronista existe na igreja de Santa Maria da Várzea em Alenquer. A data de 1560 que ali se lê não é verdadeira; supõe-se que, tendo-se arruinado a capela, quando se tratou de a reparar alguém se lembrasse de acrescentar aquela data, pois que há documentos comprovativos de Damião de Góis ainda viver em 1572.
 
 
Pág. 489 - Cristóvão da Costa
Foi botânico e médico insigne, natural de Ceuta ou de Tanger, pelo que lhe chamavam o Africano, que vivia no século XVI, e que passou à Índia acompanhando o vice-rei D. Luiz de Athayde. Depois de ali haver desempenhado por alguns anos a profis­são de medicina, juntamente com o exercício das ar­mas, empreendeu largas e trabalhosas peregrinações em climas longínquos, para melhor estudar a natureza. Recolhendo a Portugal, daqui passou a Castela, onde compôs e imprimiu várias obras, entre as quais o Tratado de las drogas y medicinas de las Indias Orientales, Burgos, 1578, extraído em grande parte do celebrado livro de Garcia da Horta, Colloquios de simples e drogas. O retrato deste insigne português encontra-se na Biblioteca Nacional de Lisboa, de onde fizemos copiar o que vem inserto na nossa História.
 
 
Pág. 493 - Torre da igreja das Caldas da Rainha
É esta torre o monumento mais artístico das Caldas, pela sua delicadeza, variedade de arquitectura e beleza. Está anexa ao Hospital das Caldas da Rainha, edifício fundado, como se sabe, em 1490 por D. Leonor, mulher de D. João II, e que D. João V reconstruiu e ampliou, o que dá lugar a que tanto na igreja como no hospital se admirem tão variados estilos.
 
Pág. 497 - D. Manuel, acompanhando em procissão para a igreja Duarte Pacheco
Em páginas 205 e seguintes deste terceiro volume da História, se encontra minuciosamente descrito este interessante episódio, que tanto se prende com a história das conquistas e descobrimentos dos Portugueses na Índia.
 
 
Pág. 501 - Capela do claustro de S. Francisco de Guimarães
Como já a páginas 611 nos referimos a este celebrado convento de Franciscanos, para aí remetemos o leitor que queira ter rápida notícia desse ve­lho monumento cristão.
 
 
Pág. 504 - Cruz processional grande da colegiada de Guimarães
É obra do século XVI, toda de prata branca e doada à igreja da Colegiada pelo cónego Gonçalo Annes. Forma a base da cruz um como trono sextavado, composto de quatro corpos, três a modo de degraus, e o quarto, em que assenta a cruz, repre­sentando o Calvário. Cada uma das dezoito faces daqueles três corpos tem esculpido um quadro de baixo-relevo. Os seis do corpo inferior representam; Judas entregando a Cristo; Jesus Cristo em casa de Pilatos; o Senhor com a cana verde na mão; Cristo amarrado à coluna; os Judeus açoutando o Senhor; Jesus indo para o Calvário. - Os seis pai­néis do segundo corpo são mais pequenos, porque os degraus vão diminuindo de altura. Representam: Dois passos da vida de Nossa Senhora, dois da vida de Cristo, a degolação de S. João Baptista, e o profeta Daniel. - Nos seis baixos-relevos do terceiro corpo veem-se: S. João Evangelista escrevendo o Apocalipse na ilha de Patmos; S. Mateus escrevendo o Evangelho; Nossa Senhora com Jesus Cristo morto nos braços; A ressurreição; S. Marcos; S. Lucas. Todos esses quadros são divididos uns dos outros por muito bem lavrados pilares adornados de nichos com as estátuas de Salomão, de Moisés, dos seis profetas, dos quatro Evangelistas, e dos quatro doutores da Igreja. Os pilares, rematando em esbel­tas agulhas, ornados de relevos muito delicados, os brincados baldaquinos que cobrem as estátuas e os quadros, e os variadíssimos relevos, que ressaltam por toda esta fábrica, tudo no estilo gótico florido, dão-lhe um aspecto grandioso e encantador. O pequeno calvário sobre o qual se ergue a cruz é todo lavrado em arvores, penedos, caveiras e covas. A cruz é toda guarnecida com muita diversidade de lavores, entre os quais avultam onze medalhas de cada lado, umas quadradas outras circulares com diferentes bustos. Pesa esta cruz 71 marcos e meio. Serve para ser levada nas procissões em certos dias festivos, alçada em uma haste de pau.
 
 
Pág. 505 - António Galvão
Este insigne português, chamado por antonomá­sia o Apostolo das Molucas, onde foi capitão e gover­nador, nasceu na Índia em princípios do século XVI e faleceu pobríssimo no hospital, em Lisboa, em 1557. Escreveu um Tractado... dos diversos e desvairados caminhos por onde nos tempos passados a pimenta e especiaria veyo da Índia às nossas partes e assim de todos os descobrimentos antigos e modernos que são feitos em o ano de 1550. Lisboa, 1503, obra que saiu reimpressa em 1791 com o título de Tractado dos descobrimentos antigos e modernos, feitos até à era de 1550, etc. O retrato deste celebrado português existe na Biblioteca Nacional de Lisboa, donde o fizemos copiar para a nossa História.
 
 
Pág. 509 - Outro aspecto da Torre da Misericórdia das Caldas da Rainha
Remetemos o leitor para o que a páginas 624 fi­cou dito acerca deste encantador monumento, uma das mais interessantes curiosidades artísticas das Caldas da Rainha.
 
 
Pág. 512 - Capela-mor da igreja de Santa Maria do Castelo, em Pinhel
Revela este templo, que é matriz de Pinhel, grande antiguidade, julgando-se anterior à fundação da monarquia. Tem 30 metros de comprido e 10 de largu­ra; a capela-mor é toda revestida de talha dourada, o tecto é apainelado e tem 14 pinturas a óleo representando os principais factos da vida da Virgem Ma­ria. Além das custosas decorações da capela-mor, que a nossa gravura deixa entrever, o que há de mais notável neste templo é o túmulo do abade António Veloso do Amaral, falecido em 1622. Há no arquivo paroquial desta igreja um livro de óbitos curioso, que tem a data de 1598, e que é marcado e rubricado pelo dito abade António Veloso do Amaral.
 
 
Pág. 513 - D. Duarte de Menezes
Foi um dos mais ilustres filhos de Santarém. Nascido em 1414, foi armado cavaleiro em 1430, tal foi a bravura que naquela idade, 15 anos apenas, mostrou num ataque contra os Mouros, a quem, poste­riormente, derrotou muitas vezes, principalmente enquanto esteve governando Ceuta, na ausência de seu pai, D. Pedro de Menezes. Tais feitos praticou em África que, quando vem a Lisboa, foi aqui acolhido com grandes festas, recebendo do monarca as maio­res honras e distinções, o que tudo já contámos, quando, a páginas 628, tivemos de aludir ao túmulo cuja gravura publicámos a pág. 401 do 2º volume. O retrato, que copiámos do que vem nos Retratos e Elogios de Varões e Donas, é feito sobre a sua estátua jacente, que, como se vê desta gravura, existe no seu túmulo de Santarém.
 
 
Pág. 517 - Convento da Graça, em Évora, mandado construir por D. João III
Este edifício da munificência de D. João III foi construído entre os anos de 1525 a 1530, no lugar já dantes habitado por alguns religiosos da ordem de Santo Agostinho, à qual foi destinado. Apresenta de notável o frontispício, todo de granito, tendo de cada lado duas figuras da mesma cantaria, com formas atléticas, às quais chamam por antífrase Meninos da Graça. Nesta igreja foram sepultados os primeiros condes de Vimioso (marido e mulher), cujo túmulo magnífico foi trasladado para o Museu Cenáculo, e na capela-mor do lado do Evangelho, ainda existe o túmulo do bispo de Évora, D. Afonso de Por­tugal, de custosa e elegante arquitectura da Renas­cença. O convento serve actualmente de hospital militar e de quartel de infanteria; na igreja, onde já se não celebra o culto, achava-se há pouco estabelecida uma escola.
 
 
Pág. 520 - Túmulo do Marquês de Abrantes
Existe na igreja de Santa Maria do Castelo, em Abrantes, igreja muito antiga, e da qual se não sabe quando nem por quem foi fundada. É pequena, mas encerra muitos objectos de arte de grande pri­mor, principalmente os mausoléus dos Marqueses de Abrantes, dum dos quais, o de D. Álvaro de Al­meida, nós aqui damos a gravura.
 
 
Pág. 521 - Interior da igreja de S. Francisco de Guimarães
Para a história da fundação deste velho monumento da piedade cristã, reportamos o leitor para o que ficou dito a páginas 611, quando nos referimos ao convento no seu aspecto geral.
 
 
Pág. 525 - Portal manuelino, em Setúbal
O acaso deparou ao nosso director artístico o pitoresco portal que aí se vê, numa das suas digressões a Setúbal, o que nos proporcionou o prazer de o podermos aqui reproduzir, conservando por este modo a memória dum lindo portal manuelino, que talvez em pouco se perca de todo, tal é o estado de abandono em que tão primorosa obra se encon­tra, e bastante danificado já.
 
 
Pág. 528 - Cálice de prata dourada de Guimarães
Como tivemos ocasião de dizer, é Guimarães uma das cidades de Portugal em que maior número de riquezas sacras se acumulam, o que é devido ao cuidado que, em todos os tempos, ali houve de esconder, a tempo, à rapacidade dos invasores, essas joias de maior merecimento pelo seu valor artístico, do que propriamente pelo seu valor intrínseco. Uma das lindas coisas que lá se conservam, e da qual não encontrámos a descrição, é o cálice que a nossa gravura representa e que pertence à irmandade de Santa Marinha da Costa, daquela cidade.
 
 
Pág. 529 - Assalto de Mombaça
Veja-se a páginas 134 a descrição de mais esta façanha praticada pelos nossos valentes soldados, no Oriente.
 
 
Pág. 533 - Capela da igreja do Colégio
É ao cardeal-rei D. Henrique que se deve a fundação desta grandiosa igreja, anexa à qual estão as casas que serviram de universidade e o colégio da Purificação destinado pelo fundador para seminário, e onde realmente funciona o seminário arquidiocesano de Évora. A igreja do Colégio, de que a nossa gravura representa a capela-mor, é muito clara, for­mosa e de uma só nave. Num dos topos do cruzeiro está o mausoléu antiquíssimo do cardeal-rei. Em sepultura rasa, à entrada da sacristia, jaz o grande ar­cebispo D. Fr. Manuel do Cenáculo.
 
 
Pág. 536 - Aspecto externo da parte superior do coro do convento de Tomar
Representa parte da fachada do lado norte do magnificente templo de Tomar a gravura que aqui damos. Os gigantes ou botaréus que a gravura tão claramente nos deixa ver são decorados com estátuas sobre peanhas postas em meio de graciosas molduragens de frutos e folhas em alto relevo. Duas destas estátuas representam D. Diniz, o fundador da or­dem de Cristo, e D. Manuel, fundador do edifício. O óculo e as janelas que dão luz à igreja ostentam igual riqueza de esculturas. As janelas são muito grandes e formadas de diversos arcos ogivais, que vão diminuindo no grosso da parede. Coroa-se enfim este edifício com uma larga e delicada varanda, composta na parte inferior de esferas armilares, divisa do fundador, e na parte superior de cruzes da ordem de Cristo.
 
 
Pág. 537- D. Brites, filha de D. Manuel
Nasceu em Lisboa em 1504, foi filha de D. Maria, segunda mulher de D. Manuel, e casou em 1522 com o duque de Saboia, Carlos III, o Bom. Faleceu em janeiro de 1528, com pouco mais de 33 anos. O nosso retrato é tirado dos Retratos e Elogios de Varões, que, por sua vez, o copiara duma medalha, como se vê por estas palavras: «Dentre algumas medalhas de prata, que mandou cunhar em sua memória o Duque Carlos seu marido, traz Manuel Guichenou a estampa de uma na sua História Genealógica da Casa de Sa­boia, que copiou no tomo IV das Medalhas D. An­tónio Caetano de Sousa, fl. CC. Tem esta letra: Beatrix Ducissima Sabaudiae, Lusitâniae Regis Fi­lia, com estas duas cifras no meio de um e de outro lado: IHS MÃ. que simbolizam os dois nomes Je­sus e Maria: e no reverso, em redor de uma esfera: Saluti Patrie & ad perpetuam memoriam. An. sal. 1554. Desta mesma medalha foi tirado o retrato que aqui se oferece.»
 
 
Pág. 541 - Cofres de prata lavrada da Colegiada de Guimarães
É um dos mais ricos do país o tesouro da Colegiada de Guimarães, e o leitor já no decorrer da História tem tido ocasião de o apreciar, pelo avultado número de objectos de arte que daquele tesouro aqui temos reproduzido. São também dignos de admiração estes dois cofres, cuja antiguidade é bem manifesta.
 
 
Pág. 544 - As armas portuguesas, no triunfo do imperador Maximiliano
Vem no belo livro de Albrecht Haupt, A renas­cença em Portugal, Frankfort, 1890, estas armas, que figuraram no celebrado cortejo. No livro de Haupt, aparecem não só as armas, mas ainda um persona­gem contemporâneo daquele imperador, montado num cavalo magnificamente ajaezado, e empunhando o magnificente estandarte.
 
 
Pág. 545 - Um auto de fé
Não cabe aqui descrever os horrores que uma destas execuções representava. Na desenvolvida história que Pinheiro Chagas fez da introdução do tri­bunal do Santo Ofício em Portugal, encontrará o leitor elementos suficientes para compreender as atrocidades de que a nossa gravura é um pálido re­flexo.
 
 
Pág. 549 - Câmara Municipal de Viana do Castelo
A casa dos Paços do Concelho, que forma o la­do oriental da praça da Rainha, antigo campo do Forno, na encantadora cidade situada à foz do Lima, foi principiada nos primeiros anos do século XVI. O edifício, em parte ocupado pela cadeia civil, tem sofrido várias modificações nas reformas de 1630, 1700, 1790, 1896. E na última, de 1896, houve o cuidado de iniciar a sua restauração.
 
 
Pág. 552 - A Custódia dos Jerónimos, feita do primeiro ouro vindo do Brasil
Merece notícia especial este belíssimo espéci­men da ourivesaria portuguesa no século XVI; essa notícia iremos buscá-la ao Catálogo da sala de sua majestade El-rei, na exposição de arte sacra realizada em Lisboa em 1895, por ocasião do centenário de Santo António, catálogo cuja confeção se atribui ao primoroso escritor sr. Ramalho Ortigão: «É de ouro lavrado e esmaltado, e tem sido repeti­das vezes descrita. No friso inferior lê-se em letras de esmalte branco a conhecida inscrição:
O MUITO ALTO PRÍNCIPE E PODEROSO SENHOR REI DÕ MANUEL I MDOV FAZER DO OURO I DAS PARIAS DE QUILVA AQDABOV CCCCCVI.
A base, de plano oval, é repartida em encasamentos de flores e aves, esmaltadas e esculpidas em alto relevo. O nó é constituído por seis esferas armilares. As figuras em volta, policrómicas, dos apóstolos em adoração circundam o pé do hostiário. A cúpula, de cujo fecho se suspende o símbolo do Espírito Santo sobre a imagem de S. Pedro abençoando, são do mais fino estilo gótico perpendi­cular, prodigiosamente florido. O sr. Carlos Iriarte, referindo-se a esta joia em um artigo consagrado à exposição retrospectiva de 1882 na Gazette des Beaux-arts exprime-se nos termos seguintes, que trasladamos, porque eles têm um duplo relevo formulados por uma pena estrangeira: «É uma obra excepcional, em muitos pontos de vista; tem todos os géneros de merecimento e de interesse. Conside­rada pelo lado técnico é de execução extraordiná­ria; os seus esmaltes, num país onde eles se executavam duma maneira relativamente inferior, são de um brilho nunca visto e da solidez mais demons­trada. Parecem colaborados por Limoges. A compo­sição é majestosa, arrojada e audaz. O artista que desenhou o monumento patenteou as suas qualida­des inventivas e a sua fertilidade de imaginação até o ponto de fazer ler na sua obra-prima as suas preocupações e a história do tempo que a viu nascer. Vasco da Gama volta do descobrimento de um novo mundo, e traz ao rei, que confiou nele, o primeiro ouro que pagaram as tribos subjugadas. D. Manuel encomendou ao seu ourives um monumento comemorativo do grande feito do seu reinado, como ao seu arquitecto havia encomendado o soberbo mosteiro de Belém. Não precisaria o artista de escre­ver a sua legenda histórica na base desta Custódia; as esferas que entram nas armas do seu rei, as aves esmaltadas, de rutilante plumagem, as flores e vegetação das Índias, que ornam a base, são inteiramente um símbolo. É bem esta uma obra típica, histórica, nacional, e eminentemente portuguesa; é o ponto de partida de toda uma serie de obras da mesma natureza; é um estádio, uma data, um padrão.» Tem de altura 83 centímetros.
 
 
Pág. 553 - D. Francisco de Almeida
O retrato que do primeiro vice-rei da Índia aqui apresentamos é feito sobre o que vem na colecção de Retratos e Elogios de Varões e Donas, em cuja memória se lê o seguinte justificando a sua fidelidade: «Na sala do Palácio dos Governadores, e Vice-reis da Índia, se acha em pintura o seu retrato, com todos os de seus sucessores, donde os fez copiar Manuel de Faria e Sousa. Pedro Barreto de Rezende nas notícias, que escreveu de todas as praças dos Portugueses na Índia segundo traz Barbosa em o Tom. III da sua Biblioteca Lusitana tinha-o primorosamente debuxado com os dos outros vice-reis em figuras iluminadas até o Conde de Linhares. Também há um quadro de antiga pintura em casa do excelentíssimo Marquês do Lavradio, que o representa ao natural. Outros mais vimos em outras partes; mas aqui procuramos imitá-lo na melhor forma possível do que traz Faria e Sousa na Parte I da sua Ásia Portuguesa, em particular no modo de vestir daqueles tempos, e nas armas, que então se usava».
 
Pág. 557 - Combate naval diante de Calecute
Veja-se a página 182 a descrição de mais este feito das armas portuguesas na Índia.
 
 
Pág. 560 - Cruz processional do cabido da colegiada de Guimarães
Descrevendo esta cruz, diz o ilustre anti­quário Inácio de Vilhena Barbosa: «Outra cruz de prata, processional, com 0,82 de altura, toda lavrada de folhagem de carvalho, com as extremidades rematadas em flor de lis, assenta sobre dois corpos oi­tavados de estilo gótico puro, tão semelhante à arquitectura da igreja da Batalha, que a estão denunciando como obra da nossa época, não obstante a tradição, que diz ter servido a S. Giraldo na solenidade do batismo de D. Afonso Henriques. Provavelmente foi mandada fazer e doada por el-rei D. João I à pequena igreja de S. Miguel do Castelo à qual pertence, posto que se guarde no tesouro da colegiada de Nossa Senhora da Oliveira.»
 
 
Pág. 561 - Cortejo de D. Francisco de Almeida
Leia-se a páginas 212 deste volume a descrição deste extraordinário espectáculo que Lisboa presenciou no século XVI.
 
 
Pág. 565 - Refeitório nos claustros dos Jerónimos
Serve actualmente de refeitório aos alunos da Casa Pia, instalada no antigo edifício de Santa Ma­ria de Belém, esta casa que foi igualmente refeitório dos frades Jerónimos. Da sua beleza arquitectónica, basta dizer-se que era em tudo digno do mosteiro de que fazia parte, e de que já a páginas 620 demos uma rápida notícia.
 
 
Pág. 568 - Capa bordada a matiz, ouro e pedras preciosas
Faz parte do precioso tesouro de S. Francisco de Guimarães, e é obra do século XVI a esplendorosa capa bordada, de que a gravura que aqui damos é um pálido reflexo.
 
 
Pág. 569 - O papa Júlio II
A parte que tomou nas questões em que Portu­gal andou com a Espanha, e ainda noutras respeitantes à política interna do nosso país, é que nos le­vou a incluir o retrato deste inteligente pontífice, um dos ornamentos da cadeira de S. Pedro, na nossa galeria de retratos.
 
 
Pág. 573 - Ruínas do convento dos Frades de S. João de Deus, em Goa
Apesar de tão arruinado, não se pode considerar muito velho este edifício, pois que foi fundado em 1685 e dedicado a N. S. do Bom Sucesso. Mais tarde, pela extinção das ordens religiosas foi converti­do em hospital, e ainda posteriormente comprado pelas freiras de Santa Mónica, de Velha Goa.
 
 
Pág. 576 - Capela de Nossa Senhora da Conceição (vulgo do Senhor Morto), em Braga
Foi fundada em 1525 pelo dr. João de Coimbra, provisor do Arcebispo D. Diogo de Sousa, instituindo nela morgado aos 16 de fevereiro de 1530. Dois anos depois, em 1527, dotou a capela com bens de raiz por autorização de el-rei D. João III. O instituidor dedicou-a a Deus Nosso Senhor e a sua Madre Santa Maria da Conceição. Em frente construiu um palacete nobre, que ainda hoje se conserva com as suas janelas ricamente esculturadas em granito fino, e ao qual se dá a denominação de Palacete dos Coim­brãs. A capela é interiormente de abóbada de pedra coberta de nervuras, e todas as imagens e lavores, como um grupo do enterro, em figuras de tamanho natural, são também primorosamente esculturadas em pedra de Ançã. Este Senhor Morto é o que tem dado ultimamente a invocação à capela, que é de for­ma acastelada, tendo exteriormente em toda a volta estatuetas de mármore muito apreciáveis. Sobre o al­pendre ou galilé da porta principal tem as estátuas de S. Paulo e Santo Antão, eremitas, com um grande leão em descanso, e ainda um Fauno e um Sátiro, figuras mitológicas muito usadas na arquitectura religiosa quinhentista.
 
 
Pág. 577 - Extermínio dos Portugueses em Coulão
Como em campo aberto não era possível aos Mouros vencerem na Índia os portugueses, recorriam à traição, e quando os nossos estavam despreocupados, para praticarem os seus actos de selvageria. Representa um desses actos a nossa gravura, cuja explicação se encontra a páginas 224 e 225 deste 3º volume da nossa História.
 
Pág. 581 - Portal da Sala Capitular dos Loios
Atrai a atenção de todos os visitantes da ve­tusta cidade de Évora, pela sua originalidade e bele­za artística, este portal do convento dos Loios, que é um dos mais curiosos monumentos artísticos de aquela cidade. Foi D. Rodrigo de Mello, primeiro conde de Olivença, quem, em 6 de maio de 1495, lançou a primeira peça a este grandioso edifício. Acabado por seus herdeiros e bem-dotado de sua fa­zenda, pertence actualmente à casa de Cadaval. Ele­gante e alegre a igreja, tem magníficos objectos, porventura da celebre fábrica que existia em Évora. Tem uma tribuna moderna com bonitos lavores em jaspe, donde a família dos fundadores assistia às festividades religiosas. Mais de quarenta sepulturas existem nesta igreja dos membros da casa de Olivença, Tentúgal, Ferreira e doutras, sendo muito para notar as do fundador e de sua mulher na capela-mor. São duas campas rasas de mármore, nas quais se vê de­lineado em baixo-relevo o vulto de cada um, contendo na orla o respectivo epitáfio em gótico quadrado. À semelhança destas, existem na capela de Nossa Senhora do Rosário, as campas de Ruy de Sousa, senhor de Sagres e Beringel, e de sua mulher D. Branca de Vilhena. São notabilíssimas e talvez únicas no reino, por serem de bronze bem lavradas, e em alto relevo representam os mortos ilustres, cujas cinzas cobrem. No cabido do convento há sepulturas de muitos va­rões notáveis nas armas e nas letras. No claustro há a notável porta que a nossa gravura representa, de lavor manuelino sobrepujada de um escudo com uma fortaleza, alusiva à gloriosa acção do conde de Olivença na expugnação do castelo de Arzila, era que sua vida correu perigo e que o mesmo conde to­mou por divisa. Anexo existe o palácio dos condes fundadores, fácil de conhecer por duas grandes tor­res ameiadas que o distinguem, e em uma das quais esteve preso o infeliz duque de Bragança D. Fernan­do II, antes de subir ao cadafalso. Naquele mesmo palácio pousou D. João II por esse tempo e ali foi que, ouvindo dobrar a finados o sino de Santo Antão na Praça, quando a cabeça do duque rolara no chão, caiu de joelhos dizendo: Rezemos por alma daquele nosso irmão. Pertença da mesma casa existe a torre chamada de Sertório, onde está estabelecido o posto meteorológico. Não é romana, como parece inculcar o nome, mas da idade média, e foi rebocada ainda há poucos anos.
 
 
Pág. 584 - Baptistério da Misericórdia das Caldas da Rainha
É contemporâneo da fundação deste edifício o curioso batistério pela nossa gravura, representado, e, que, embora não seja duma grande beleza artísti­ca, tem, contudo, todo o valor da originalidade e da antiguidade, demais que se acha em excelente estado de conservação.
 
 
Pág. 585 - Nuno da Cunha
Foi copiado do hoje já raro álbum de Arthur Patrício, Colecção de memórias relativas às façanhas dos Portugueses na Índia, o retrato que deste ínclito governador da Índia inserimos nas páginas da nossa História.
 
 
Pág. 589 - Fortaleza de Sinquerim
O que a nossa gravura representa é tudo quanto resta da vetusta fortaleza de Nova Goa, que tantos combates sustentou com glória dos Portugueses con­tra as inúmeras legiões indígenas.
 
 
Pág. 592 - Velhíssima imagem da Virgem da Oliveira em Guimarães
Tem esta imagem de altura um metro pouco mais ou menos. Refere a lenda que a trouxera a Guimarães, isto é, à vila velha, o apostolo S. Tiago e que a colocara em um templo gótico, que ali existia dedicado a Ceres, o qual fora nessa ocasião purificado e consagrado à Virgem pelo dito Apóstolo. Diz-nos a lenda que nesse templo se conservou a imagem até que a condessa Mumadona a trasladara para a igreja do seu mosteiro, onde tem permanecido até hoje. Segundo a opinião de alguns antiquários, a actual igreja paroquial de S. Paio ocupa o lugar em que se erguia o mencionado templo de Ceres. Ainda que a imagem da Virgem, diz Inácio de Vilhena Barbosa a quem temos seguido nestas informações, não tenha tanta antiguidade como a lenda lhe atribui, é sem questão antiquíssima, e tem toda a probabilidade de ser do tempo da condessa Mumadona.
 
 
Pág. 593 - A deposição no túmulo em Santa Cruz
É mais uma das maravilhas de arte do famoso mosteiro, ao qual por tantas vezes já nos temos refe­rido no decorrer destas notas.
 
 
Pág. 597 - Matança dos cristãos-novos
O horroroso desta cena acha-se esplendidamente descrito por M. Pinheiro Chagas num dos primei­ros capítulos do volume IV da nossa História.
 
Pág. 600 - Igreja de S. Domingos de Guimarães
Ver original:
Para a história da sua fundação recorremos ainda ao Portugal antigo e moderno, inesgotável filão para assuntos desta natureza: Em 12 de dezembro de 1270 (em uma sexta-feira), o prior da vila que com fr. Álvaro, prior do convento de S. Domingos do Porto, fr. Estevam e outros frades da mesma ordem, se tinham congregado na igreja de S. Tiago, deram licença aos ditos frades para a fundação do convento; dando muitos particulares logo, para isso, dinhei­ro, campos, casas e quintas. Principiou logo a obra no sítio onde é a Porta da Vila, que vai para S. Domingos. Este convento foi derribado depois, porque nas contendas entre D. Diniz e seu filho D. Afonso (depois Afonso IV), estando a vila pelo rei, de cima do mosteiro faziam os do infante grande dano aos da vila. No reinado de D. Afonso IV (pelos anos de 1350) se tornou a edificar este convento no sítio onde hoje está. Aqui foi conventual S. Gonçalo de Amarante, quando o convento era ainda no primeiro sítio.
 
 
Pág. 601 - Se assim o fizeres, dou-te o meu filho por cativo
Representa esta gravura a cena brilhantemente tracejada por M. Pinheiro Chagas a páginas 230 deste 3º volume da nossa História, cena em que D. Fran­cisco de Almeida mais uma vez mostrou os seus al­tos dotes de político, sabendo aproveitar até a ingé­nua simpatia que pelo seu filho nutria o rajá hindu.
 
 
Pág. 605 - Capela de Garcia de Rezende, na cerca do convento do Espinheiro
Com esta gravura se completa a outra desta capela, de que já demos a páginas 240 deste volume o aspecto interno. Veja-se a sua descrição a páginas 610.
 

 

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